†
1401(37) Ontem recebi uma carta do padre Sopoćko. Fiquei sabendo que a causa de Deus está progredindo, embora aos poucos. Imensamente alegre com isso, multipliquei as minhas orações por toda essa obra. Conheci que nesse momento Deus está exigindo de mim nessa obra orações e sacrifícios. A minha ação poderia realmente prejudicar os planos de Deus, como me escreveu na carta de ontem o padre Sopoćko. Ó meu Jesus, dai-me a graça de eu ser um instrumento dócil em Vossas mãos. Conheci nessa carta a grande luz que Deus está concedendo a esse sacerdote; isso me confirma na convicção de que Deus realizará essa obra através dele, apesar das contrariedades; de que realizará essa obra, ainda que as adversidades se acumulem. Bem sei que, quanto mais bela e maior a obra, tanto mais terríveis as tempestades que se desencadearão contra ela.
1402Deus, em Seus insondáveis desígnios, frequentemente permite que justamente aqueles que empreenderam os maiores esforços em alguma obra, não gozem o fruto dessa obra aqui na terra. Deus reserva-lhes toda a felicidade para a eternidade. Mas, apesar de tudo, algumas vezes Deus lhes dá a conhecer quanto Lhe agradam os esforços deles. (38) Esses momentos os fortalecem para novas lutas e provações. São essas almas que mais se assemelham ao Salvador, o qual, em Sua obra fundada aqui na terra, só sentiu amarguras.
1403Ó meu Jesus, sede bendito por tudo! Alegro-me, porque está se cumprindo a Vossa santa vontade. Isso me é mais que o suficiente para a minha felicidade.
1404Jesus oculto, em Vós está toda a minha força. Desde a minha mais tenra infância, Nosso Senhor atraiu-me a Si no Santíssimo Sacramento. Tinha sete anos, quando, uma vez, no ofício das vésperas, Nosso Senhor estava exposto no ostensório, e então, pela primeira vez, foi-me concedido o amor divino que encheu o meu pequeno coração. O Senhor concedeu-me a compreensão das coisas de Deus. Desde esse dia, até hoje, cresce o meu amor ao Deus oculto, até a intimidade mais estreita. Toda a força da minha alma provém do Santíssimo Sacramento. Passo todos os momentos livres dialogando com Ele. Ele é o meu Mestre.
1405(39) 30.11.[1937]. Quando ia subindo a escada, à noite, de repente me envolveu um estranho desânimo para com tudo que é de Deus. Então, ouvi satanás, que me dizia: "Nem penses nessa obra. Deus não é assim misericordioso como Dele estás falando. Não rezes pelos pecadores, porque mesmo assim eles serão condenados e, por essa obra da misericórdia, tu mesma estás te expondo à condenação. Não fales nunca dessa misericórdia de Deus com o confessor, especialmente, não fales com o padre Sopoćko e com o frei Andrasz". - Aqui, a voz se transformou na figura do anjo da guarda. E repliquei: "Sei quem és - o pai da mentira[501]". - Fiz o sinal da cruz, e esse anjo desapareceu com grande ruído e raiva.
1406Hoje o Senhor me fez conhecer interiormente que não me abandonará. Fez-me conhecer Sua majestade e santidade e, ao mesmo tempo, Seu amor e misericórdia para comigo, e me deu um mais profundo conhecimento da minha miséria. No entanto, essa minha grande miséria não me tira a confiança, mas ao contrário, na medida do conhecimento da minha miséria, fortalece-se a minha (40) confiança na misericórdia de Deus. Compreendi como tudo isso depende do Senhor. Sei que ninguém tocará num só cabelo meu, sem a Sua vontade.
1407Hoje, quando estava recebendo a santa Comunhão, percebi, no cálice, uma Hóstia viva, que o sacerdote me deu. Quando voltei ao meu lugar, perguntei ao Senhor: "Por que uma viva? Pois estais vivo da mesma forma sob todas as espécies". - Respondeu-me o Senhor: É verdade, sou O mesmo sob todas as espécies, mas nem todas as almas Me recebem com a mesma fé viva com que tu Me recebes, Minha filha, e, por isso, não posso agir nas almas delas como ajo na tua.
1408Santa Missa celebrada pelo padre Sopoćko. Participei dela e durante a celebração vi o Menino Jesus que, tocando com um dedinho a fronte desse sacerdote, disse-me: O pensamento dele está estreitamente unido com o Meu e, portanto, fica tranquila quanto à Minha obra. (41) Não permitirei que ele se engane, e nada faças sem a permissão dele!- enchendo a minha alma de grande tranquilidade quanto a toda essa obra.
1409† Hoje Jesus está me dando a consciência Dele mesmo e do Seu tão terno amor e cuidado para comigo - nume profunda compreensão de como tudo depende da Sua vontade e de como permite algumas dificuldades unicamente para o nosso mérito, para que se manifeste claramente a nossa fidelidade. Juntamente com isso foi-me concedida a força para os sofrimentos e a renúncia de mim mesma.
1410Hoje é a vigília da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. Durante o almoço, num momento, Deus me fez conhecer a grandeza do meu destino, isto é, me fez conhecer a Sua proximidade, que não será tirada de mim pelos séculos; [fez-me conhecer] de maneira tão viva e clara que por muito tempo permaneci profundamente submersa em Sua presença viva, humilhando-me diante da Sua grandeza.
1411†
(42) J.M.J.
Ó Espírito Divino, Espírito de verdade e luz,
reside sempre em minha alma com a Tua divina graça,
que o Teu sopro dissipe as trevas,
e nessa luz se multiplicarão as boas obras.
Ó Espírito Divino, Espírito de amor e misericórdia,
que derramas em meu coração o bálsamo da confiança,
a Tua graça confirma no bem a minha alma,
dando-lhe uma força invencível: a perseverança.
Ó Espírito Divino, Espírito de paz e alegria,
que fortificas o meu coração sedento
e derramas nele a fonte viva do amor divino,
e o tornas intrépido para a luta!
Ó Espírito Divino, dileto Hóspede da minha alma,
desejo da minha parte ser-Te fiel,
tanto nos dias de alegria como nos dias de tormentos.
Desejo sempre viver na Tua presença, Espírito Divino.
Ó Espírito Divino, que atravessas todo o meu ser
e me fazes conhecer a Tua vida divina, Trina
e me inicias em Tua Essência divina,
assim unida Contigo, viverei a vida eterna.
1412(43) † Com grande zelo preparei-me para a festa da Imaculada Conceição de Maria. Velava ainda mais para permanecer recolhida em espírito e refletia sobre esse seu privilégio exclusivo. Por isso o meu coração estava todo mergulhado Nela, agradecendo a Deus por ter concedido a Maria esse grande privilégio.
1413Não só me preparava pela novena em comum, feita por toda a congregação, mas também procurava pessoalmente saudá-la mil vezes ao dia, rezando em sua honra mil Ave-Marias, durante nove dias.
† Já é a terceira vez que estou fazendo uma tal novena à Mãe de Deus, aquela que é composta de mil Ave-Marias por dia, isto é, nove mil Ave-Marias compõem a totalidade dessa novena. No entanto, apesar de já a ter feito três vezes na vida, ou seja, duas vezes durante o trabalho, em nada prejudiquei as minhas tarefas, cumprindo-as da maneira mais perfeita possível, e também fora dos exercícios, isto é, não rezava essas Ave-Marias nem durante a santa Missa nem durante a bênção. Uma vez fiz uma novena assim quando estava (44) doente no hospital. Para quem realmente quer - nada é difícil. Exceto no recreio, só rezava e trabalhava. Nesses dias não pronunciei nem uma palavra que não fosse estritamente necessária, embora deva reconhecer que essa questão exige muita atenção e esforço; mas, para honrar a Imaculada, nada é demais.
1414Solenidade da Imaculada Conceição. Antes da santa Comunhão, vi a Mãe Santíssima em beleza inconcebível. Sorrindo para mim, disse-me: Minha filha, por recomendação de Deus, devo ser tua Mãe de maneira exclusiva e especial, mas desejo que também tu sejas minha filha especial.
1415Desejo, minha filha caríssima, que te exercites em três virtudes que me são as mais caras e as mais agradáveis a Deus: a primeira - é a humildade, humildade e mais uma vez humildade; a segunda - a pureza; a terceira - o amor a Deus. Como, filha minha, deves brilhar de maneira especial com essas virtudes. - Terminada a conversa, estreitou-me ao seu Coração e desapareceu.
1416Quando voltei a mim, (45) o meu coração foi atraído para as virtudes de maneira estranha. Exercito-me fielmente nelas, estão como que gravadas no meu coração. Foi esse um grande dia para mim. Nesse dia, estive como que em contínua contemplação, só a lembrança dessa graça levava-me a uma nova contemplação e permaneci o dia todo em ação de graças sem cessar, porque a lembrança dessa graça levava a minha alma a novamente mergulhar em Deus...
1417Ó meu Senhor, a minha alma é, de todas, a mais miserável, e Vós Vos rebaixais até ela tão bondosamente. Vejo claramente a Vossa grandeza e a minha pequenez. Por isso, me alegro por serdes tão poderoso e incomensurável, e me alegro imensamente por eu ser tão pequenina.
1418Cristo sofredor, saio ao Vosso encontro. Como esposa Vossa, tenho que ser semelhante a Vós. O Vosso manto de ultrajes deve cobrir também a mim. Ó Cristo, Vós sabeis como desejo ardentemente assemelhar-me a Vós. Fazei que participe de toda a Vossa Paixão, que toda a Vossa dor se entorne (46) no meu coração. Confio que completareis isso em mim, da maneira que julgardes apropriada.
1419† Hoje houve adoração noturna. Não pude dela participar devido ao estado frágil da minha saúde. No entanto, antes de adormecer, uni-me com as irmãs que estavam em adoração. Entre as quatro e as cinco horas, fui acordada de repente e ouvi uma voz que me dizia que [me unisse] com as pessoas que estavam em adoração naquele momento. Conheci que havia entre as pessoas em adoração uma alma que estava rezando por mim.
1420Quando mergulhei em oração, fui transportada, em espírito, à capela e vi Jesus exposto no ostensório; no lugar do ostensório, vi a face adorável do Senhor, que me disse: O que tu estás vendo na realidade estas almas veem pela fé. Oh, como Me é agradável a grande fé delas. Repara que, embora em aparência não haja em Mim vestígio de vida, no entanto, em realidade essa vida está em toda a plenitude contida em cada Hóstia. No entanto, para Eu poder agir na alma, ela deve ter fé. Oh, como Me é agradável a fé viva!
1421Essa adoração (47) estava sendo feita pela madre superiora e mais outras irmãs. No entanto conheci que a oração da madre superiora moveu o céu. Alegrei-me por existirem almas tão agradáveis a Deus.
1422Quando no dia seguinte perguntei, na hora do recreio, quais das irmãs tinham adoração entre as quatro e as cinco horas, uma das irmãs exclamou: "E por que a irmã está perguntando? Certamente teve alguma revelação?".- Calei-me e nada mais disse. Embora a madre superiora me perguntasse, não podia responder, porque o momento não era apropriado.
1423Certa vez uma das irmãs[502] confidenciou-me que pretendia escolher um determinado sacerdote como diretor. Satisfeita, falou-me disso e pediu que rezasse nessa intenção, o que prometi fazer. Quando rezei, conheci que essa alma não tiraria proveito espiritual dessa direção. No entanto, no primeiro encontro, ela falou-me de sua alegria por aquela direção.
1424Participei da sua alegria; no entanto, quando ela (48) se afastou, fui severamente admoestada. Jesus me disse que lhe transmitisse o que Ele me tinha dado a conhecer na oração, o que fiz na primeira oportunidade, embora isso me custasse muito.
1425Hoje experimentei o sofrimento da coroa de espinhos por um breve momento. Rezei então diante do Santíssimo Sacramento por certa alma. Imediatamente senti uma dor tão violenta que minha cabeça caiu sobre o anteparo. Embora fosse curto, esse instante foi muito doloroso.
1426Cristo, dai-me as almas! Deixai que me aconteça o que quiserdes, mas em troca dai-me as almas! Desejo a salvação das almas, desejo que as almas conheçam a Vossa misericórdia. Não tenho nada para mim, porque entreguei tudo às almas, de modo que no dia do Juízo eu me apresentarei sem nada diante de Vós, porque entreguei tudo às almas, e portanto não tereis de que julgar-me; e nos encontraremos nesse dia: o amor com a misericórdia...
1427(49) J.M.J.
Ó Jesus oculto, vida da minha alma,
objeto do meu ardente desejo.
Nada sufocará o Vosso Amor no meu coração,
assim me assegura a força do nosso recíproco amor.
Ó Jesus oculto, penhor adorável da minha ressurreição,
em vós concentra-se toda a minha vida.
Vós, Hóstia, me tornais capaz de amar completamente,
e sei que também Vós me amareis como Vossa filha.
Ó Jesus oculto, meu amor puríssimo,
a minha vida iniciada Convosco já aqui na terra
se manifestará em toda a plenitude na eternidade futura,
porque o nosso recíproco amor nunca mudará.
Ó Jesus oculto, a Vós apenas minha alma deseja,
Vós sois para mim mais que as delícias do céu.
A minha alma, acima de todos os dons e graças,
espera apenas por Vós,
que vindes a mim sob as aparências de pão.
Ó Jesus oculto, levai logo o meu coração sedento de Vós,
que arde por Vós com o fogo puro de um serafim,
seguindo pela vida os Vossos passos - invencível,
e com a fronte erguida, como um cavaleiro, embora sendo uma jovem frágil!
1428(50) Desde um mês estou me sentindo pior e, com cada tossida, sinto que se me desfazem os pulmões. Algumas vezes acontece que sinto a decomposição total do meu próprio cadáver. É difícil expressar como é grande esse sofrimento. Embora pela vontade eu esteja firmemente conformada com isso, para a natureza, é um grande sofrimento, maior que o uso do cilício e a flagelação até sangrar. Eu sentia isso sobretudo quando ia ao refeitório. Fazia grandes esforços para comer qualquer coisa, pois a comida me enjoava. Nesse tempo comecei também a sentir dores nos intestinos. Todos os alimentos mais fortes causavam-me dores desmedidas, de modo que passei mais de uma noite contorcendo-me em dores horríveis e lágrimas, em benefício dos pecadores.
1429No entando, perguntei ao confessor como devia proceder, se continuar a suportar isso pelos pecadores ou pedir à superiora exceções para tomar alimentos mais leves. O confessor decidiu que eu devia pedir às superioras alimentos leves, e procedi de acordo com a orientação do confessor, vendo que essa humilhação era mais agradável a Deus.
1430(51) Um dia, surgiu-me a dúvida de como era possível sentir continuamente essa decomposição do organismo e continuar a andar e ainda trabalhar - seria uma ilusão? Mas, por outro lado, não podia ser uma ilusão, visto que me causava tão horríveis sofrimentos. Quando pensava sobre isso, veio ter comigo uma das irmãs para um momento de conversa. Depois de alguns minutos, fez uma careta terrível e disse-me: "Irmã, eu estou cheirando aqui um cadáver, um cadáver em decomposição. Oh, como isso é horrível!". Respondi-lhe: "Não se assuste, irmã. Esse cheiro de cadáver vem de mim". Ela ficou muito surpreendida, mas disse que não era capaz de aguentar mais. Quando se afastou, compreendi que Deus deu essa sensação à irmã para que eu não tivesse dúvidas, e que Ele está ocultando esse sofrimento diante de toda a congregação de maneira simplesmente milagrosa. Ó meu Jesus, apenas Vós conheceis a profundeza deste sacrifício.
1431No entanto, no refeitório, tive que suportar muitas suspeitas de que eram caprichos meus. Então, como de costume, ia depressa ao sacrário, inclinava-me sobre o cibório (52) e fortificava-me para me conformar com a vontade de Deus. O que escrevi ainda não é tudo.
1432Hoje, na santa confissão, repartindo espiritualmente comigo o pão ázimo[503], [o confessor] me apresentou os seguintes votos: "Seja muito fiel à graça de Deus. Segundo: peça a misericórdia de Deus para você e para o mundo todo, porque todos necessitamos muito, muito, da misericórdia de Deus".
1433Dois dias antes do Natal, foram lidas, no refeitório, estas palavras: "Amanhã é o nascimento de Jesus Cristo, segundo a carne"[504]. Com essas palavras, a minha alma foi transpassada pela luz e pelo amor a Deus, e conheci mais profundamente o mistério da Encarnação. Que grande mistericórdia de Deus está encerrada no mistério da Encarnação do Filho de Deus!
1434Hoje o Senhor me fez conhecer a Sua indignação contra a humanidade que merece, pelos seus pecados, a abreviação dos dias. Mas conheci também que a existência do mundo é sustentada pelas almas eleitas, isto é, pelas almas religiosas. Ai do mundo se faltarem ordens religiosas!
†
1435(53) J.M.J.
Executo cada ação na perspectiva da morte,
realizo-a agora como gostaria de vê-la na última hora.
Embora a vida passe depressa como um vento forte,
nenhuma ação empreendida por Deus se perderá.
Sinto a completa decomposição do meu organismo,
embora ainda viva e trabalhe;
a morte não me trará nada de trágico,
porque há muito tempo a sinto.
Embora para a natureza seja muito desagradável
sentir continuamente o seu próprio cadáver,
não é assim tão terrível se a luz de Deus penetra a alma,
porque nela se renova a fé, a esperança, o amor e a contrição.
Todos os dias faço grandes esforços
para participar da vida comunitária,
e assim pedir graças para a salvação das almas,
defendendo-as, com o meu sacrifício, do fogo do inferno.
Porque, ainda que seja pela salvação de uma só alma,
vale a pena sacrificar-se pela vida toda
e suportar os maiores sacrifícios e tormentos,
vendo quão grande glória Deus daí recebe.
1436(54) † Senhor, embora me deis a conhecer, com frequência, os raios da Vossa ira, sei que a Vossa indignação se desvanece diante da alma humilhada. Embora sejais tão grande, Senhor, deixais vencer-Vos pela alma humilhada e profundamente humilde. Ó humildade, virtude mais cara, quão poucas almas te possuem! Vejo em toda parte apenas a aparência dessa virtude, mas não vejo a própria virtude. Ó Senhor, reduzi-me a nada, aos meus olhos, para que possa encontrar graça diante do Vosso santo Olhar.
1437† Vigília de Natal. 1937. Após a santa Comunhão, a Mãe de Deus me fez conhecer a preocupação que tinha em Seu Coração, por causa do Filho de Deus. Mas essa preocupação estava impregnada de um tal perfume de abandono à vontade de Deus, que a chamo antes de delícia, não de preocupação. Compreendi como a minha alma deve aceitar toda a vontade de Deus. É uma pena que eu não saiba descrevê-lo como o conheci. O dia todo, a minha alma estava num recolhimento mais profundo, do qual nada a tirava, nem as obrigações, nem a convivência que tinha com as pessoas leigas.
1438(55) Antes da ceia, entrei por uns momentos na capela para repartir, em espírito, o pão ázimo[505] com as pessoas queridas ao meu coração, mas que estão distantes. Primeiramente entrei em profunda oração e pedi ao Senhor as graças para elas, e depois para cada uma em particular. Jesus deu-me a conhecer quanto isso Lhe agrada, e a minha alma encheu-se de uma alegria ainda maior, por ver Deus amar de maneira especial àqueles a quem nós amamos.
1439† Quando entrei no refeitório, durante a leitura, todo o meu ser mergulhou em Deus. Interiormente, eu via o olhar de Deus dirigido para nós com grande agrado. Fiquei a sós com o Pai Celestial. Foi nesse momento que conheci mais profundamente as Três Pessoas Divinas que contemplaremos por toda a eternidade, e depois de milhões de anos, descobriremos que apenas começamos a nossa contemplação. Oh, como é grande a misericórdia de Deus que admite o homem a uma tão profunda participação (56) na Sua felicidade Divina! Mas, ao mesmo tempo, que grande dor transpassa o meu coração por muitas almas terem desprezado essa felicidade!
1440Quando começamos a repartir o pão ázimo[506], reinou entre nós um amor sincero e recíproco. A madre superiora[507] apresentou-me os votos com as seguintes palavras: "Irmã, as obras de Deus andam devagar, portanto, não tenha pressa". Foi com grande amor que, em geral, todas as irmãs sincera e cordialmente me desejaram aquilo que anseio acima de tudo. Sentia que todos esses votos vinham realmente do coração, com a exceção de uma das irmãs, que em seus votos ocultava a mal-querença, embora isso nem me doesse muito, porque eu tinha a alma repleta de Deus. Isso me fez conhecer por que Deus se comunica tão pouco a uma alma assim, e conheci que ela busca sempre a si mesma, até nas coisas santas. Oh, como é bom o Senhor por não permitir que eu erre, e sei que velará por mim até com ciúme, mas enquanto eu for pequenina, porque Ele - o grande Senhor - gosta de conviver com pessoas assim, e aos grandes conhece de longe e opõe-se a eles.
1441(57) Embora eu desejasse vigiar um pouco antes da Missa do Galo, não foi possível, porque logo adormeci, e também porque me sentia muito fraca. Porém, quando bateu o sino para a Missa do Galo, levantei-me imediatamente, embora me vestisse com grande dificuldade, porque a cada momento me sentia pior.
1442† Quando vim para a Missa do Galo, já no começo da santa Missa, mergulhei toda em profundo recolhimento e vi a gruta de Belém repleta de muita luz. A Virgem Santíssima envolvia Jesus em faixas, inteiramente absorta em grande amor, mas São José ainda dormia. Foi somente quando a Mãe de Deus acomodou Jesus na manjedoura que a claridade de Deus acordou São José que também se pôs a rezar. Porém, em seguida, fiquei a sós com o Menino Jesus que estendia para mim os Seus bracinhos, e compreendi que era para eu tomá-Lo em meus braços. Jesus recostou a Sua cabecinha em eu coração e com o Seu profundo olhar me deu a conhecer que estava sentindo-se bem junto ao meu coração. Nesse instante, desapareceu Jesus e ouvi a sineta para a (58) santa Comunhão: a minha alma desfalecia de alegria.
1443No entanto, no final da santa Missa sentia-me tão fraca que tive que sair da capela e ir para a cela - já não pude participar do chá em comum. Mas a minha alegria foi grande durante todo o Natal, porque a minha alma estava incessantemente unida com o Senhor. Conheci que cada alma gostaria de ter os consolos divinos, mas que, de forma alguma, quer renunciar aos consolos humanos. Acontece, porém, que essas duas coisas não podem ser conciliadas.
1444Nesse período de Natal, senti que algumas almas rezam por mim. Alegro-me por existir já aqui na terra uma tal união e conhecimento espiritual. Ó meu Jesus, por tudo Vos seja dada honra!
1445Nos maiores suplícios da alma sempre estou sozinha, mas não sozinha, porque estou Convosco, ó Jesus, mas aqui falo das pessoas humanas. Nenhuma criatura humana compreende o meu coração, mas agora já não me admiro disso, porque antigamente me causava surpresa o fato de as minhas intenções serem condenadas e mal compreendidas mas agora absolutamente não me importo com isso. As pessoas não sabem perceber a alma, elas veem o corpo e julgam de acordo com o corpo, mas, assim como o céu está distante da terra, também distantes estão os pensamentos de Deus dos nossos pensamentos - eu mesma verifiquei que, com bastante frequência, ocorre que[508][...].
1446O Senhor disse-me: Não te preocupes com o procedimento dos outros. Tu deves proceder como Eu te mando, deves ser a Minha imagem viva pelo amor e pela caridade.- Respondi: Senhor, mas, muitas vezes, abusam da minha bondade.- Não importa, filha Minha. Não te preocupes com isso, tu deves sempre ser caridosa para com todos, especialmente para com os pecadores.
1447† Ah, como Me dói que as almas se unam tão pouco Comigo na santa Comunhão! Espero pelas almas, e elas se mostram indiferentes. Amo-as tão afetuosa e sinceramente, e elas não confiam em Mim. Quero cobri-las de graças - mas elas não querem aceitá-las. Procedem Comigo como com alguma coisa inanimada e, no entanto, (60) tenho o Coração cheio de amor e misericórdia. - Para conheceres ao menos um pouco a Minha dor, imagina a mãe mais carinhosa, que ama muito seus filhos; no entanto, esses filhos desprezam o amor da mãe: imagina a sua dor, ninguém a poderá consolar. Isso é apenas uma pálida imagem e semelhança do Meu amor.
1448Escreve, fala da Minha misericórdia. Diz às almas onde devem procurar consolos, isto é, no tribunal da misericórdia,[509] onde continuo a realizar os Meus maiores prodígios, que se repetem sem cessar. Para obtê-los, não é necessário empreender longas peregrinações, nem realizar solenes ritos exteriores, mas basta aproximar-se com fé dos pés do Meu representante e confessar-lhe a própria miséria; o milagre da misericórdia divina se manifestará em toda a plenituda. Ainda que a alma esteja em decomposição como um cadáver, e ainda que humanamente já não haja possibilidade de restauração, e tudo já esteja perdido - Deus não vê as coisas dessa maneira; um milagre da misericórdia divina fará ressurgir aquela alma para uma vida plena. Ó infelizes, que não aproveitais esse milagre da misericórdia de Deus! Clamareis em vão, pois já será tarde demais.
†
(61) J.M.J.
Ano de 1938
Primeiro de Janeiro
1449Saúdo-te, ano-novo, em que se completará[510] a obra da minha perfeição. Já de antemão Vos agradeço, Senhor, por tudo o que a Vossa bondade me enviar. Agradeço-Vos pelo cálice de sofrimentos do qual beberei todos os dias. Não atenueis o seu amargor, Senhor, mas fortalecei os meus lábios para que, bebendo a amargura, eu saiba sorrir de amor para Convosco, meu Mestre. Agradeço-Vos por todos os consolos e graças que não sou capaz de enumerar e que diariamente recaem sobre mim como o orvalho da manhã, tão mansa e silenciosamente que nenhum olhar das criaturas curiosas é capaz de percebê-los. Deles sabemos apenas Vós e eu, ó Senhor. Por tudo isso, hoje Vos agradeço, porque talvez, no momento em que me apresentardes o cálice, o meu coração não seja capaz de agradecer.
1450Eis que hoje, com vontade amorosa, submeto-me inteiramente à Vossa santa vontade, ó Senhor, e aos Vossos mais sábios desígnios que são sempre para mim os mais amorosos e cheios de misericórdia, embora muitas vezes não os possa compreender (62) nem perscrutar. Mestre meu, eis que Vos entrego totalmente o leme da minha alma; conduzi-a Vós mesmo segundo as Vossas divinas preferências. Encerro-me no Vosso Coração compassivo que é um mar de misericórdia insondável.
1451† Termino o ano velho com o sofrimento e com o sofrimento inicio também o novo. Dois dias antes do ano-novo tive que ficar de cama, sentia-me muito mal. Uma tosse violenta me debilitava e, além disso, as constantes dores nos intestinos e os enjoos me esgotaram muito. Embora eu não pudesse ir para as devoções comuns[511], em espírito unia-me com toda a congregação. Quando as irmãs se levantaram às onze horas da noite para velar e saudar o ano-novo, eu, desde o entardecer, contorcia-me em dores, até a meia noite. Uni o meu sofrimento às orações das irmãs, que velavam na capela e desagravavam a Deus pelas ofensas cometidas pelos pecadores.
1452Quando soaram as doze horas, a minha alma mergulhou num recolhimento maior e ouvi na alma uma voz: (63) Não temas, Minha filha, não estás sozinha. Luta com coragem, porque o Meu braço te ampara. Luta pela salvação das almas, exortando-as à confiança na Minha misericórdia, porque esta é a tua tarefa nesta vida e na futura. Após essas palavras, tive uma compreensão mais profunda da misericórdia de Deus. Será condenada apenas a alma que quiser; porque Deus não condena ninguém.
1453Hoje é a festa do ano-novo. De manhã, senti-me tão mal que apenas consegui ir à cela vizinha para receber a santa Comunhão[512]. Não pude ir à santa Missa; sentia-me mal, de modo que rezei a ação de graças na cama. Desejava tanto ir à santa Missa e depois ir confessar-me com frei Andrasz, no entanto, sentia-me tão mal que não podia ir nem à santa Missa nem à confissão. Por esse motivo, a minha alma sofreu muito.
Depois do café, veio a irmã enfermeira[513] com a pergunta: "Por que a irmã não foi à santa Missa?". Respondi que não podia. Ela sacudiu a cabeça desdenhosamente e disse: "Uma festa tão grande e a irmã não foi à santa Missa". E saiu da minha cela. Por dois dias fiquei na cama contorcendo-me em dores; não veio mais me visitar. E, quando veio, no terceiro dia, (64) nem quis saber se eu podia me levantar, já perguntou elevando a voz: "Por que não se levantou para ir à santa Missa?". Quando fiquei sozinha, tentei levantar, mas novamente me senti mal e, portanto, completamente em paz, permaneci na cama. No entanto, o meu coração tinha muito a oferecer ao Senhor, unindo-se a Ele, em espírito, na segunda santa Missa. Depois da segunda santa Missa, veio me ver a irmã enfermeira, mas já com o termômetro - como enfermeira. Não tinha febre, mas me sentia gravemente doente, sem poder levantar-me. E agora de novo, outro sermão - que eu não devia me entregar à doença.- Respondi-lhe que eu sabia que entre nós é considerada gravemente doente só quem já estiver agonizando. Todavia, vendo que continuava a dar-me lições de moral, respondi que para o momento não necessitava de exortações para o zelo e fiquei novamente sozinha em minha cela.
A dor apertou o meu coração, a amargura inundou-me a alma e repeti estas palavras: "Saúdo-te, ano-novo, saúdo-te, cálice de amargura!". Meu Jesus, o meu coração anseia por Vós, mas a gravidade da doença não permite que eu participe (65) fisicamente das devoções e sou acusada de preguiçosa. O sofrimento aumentou. Depois do almoço, veio visitar-me por uns momentos a madre superiora, mas logo saiu. Eu tinha a intenção de lhe pedir que o frei Andrasz viesse à minha cela para que eu pudesse me confessar, contudo, deixei de fazer esse pedido por duas razões: primeiro, para não dar motivo de murmurações, como tinha ocorrido com a santa Missa; segundo, porque nem conseguiria confessar-me, pois sentia que acabaria chorando como uma criança. A seguir veio uma das irmãs e novemente chamou a minha atenção dizendo: "No fogão está o leite com manteiga[514]- por que a irmã não toma?".- Respondi que não havia ninguém que me servisse.
1454† Quando caiu a noite, os sofrimentos físicos aumentaram e uniram-se a eles os sofrimentos morais. - Noite e sofrimento. O solene silêncio da noite deu-me a possibilidade de sofre à vontade. O meu corpo estendeu-se no madeiro da cruz e eu me contorci em dores terríveis até as onze. Transportei-me, em espírito, ao sacrário e descobri o cibório, encostando a minha cabeça na beira do cálice, e todas as lágrimas (66) caíram silenciosamente no Coração Daquele que é o único que compreende o qe é a dor e o sofrimento. Senti doçura nesse sofrimento, e a minha alma desejou essa doce agonia que eu não trocaria por nenhum tesouro do mundo. O Senhor me concedeu força de espírito e amor para com aqueles pelos quais me vem o sofrimento.- Eis o primeiro dia do ano.
1455Ainda nesse dia senti a oração de uma bela alma[515] que por mim rezava, concedendo-me, em espírito, sua bênção sacerdotal; retribuí com uma fervorosa oração.
1456† Ó Senhor bondosíssimo, como sois misericordioso por julgardes a cada um de acordo com a sua consciência e conhecimento, e não de acordo com as conversas dos homens. O meu espírito se extasia e se alimenta cada vez mais com a Vossa sabedoria, que conheço cada vez mais profundamente, e aqui ainda mais claramente se revela para mim a imensidão da Vossa misericórdia. Ó meu Jesus, todo esse conhecimento produz em minha alma tal efeito que me transformo em fogo de amor para Convosco, Deus meu.
1457(67) † 02.01.1938. Hoje, quando estava me preparando para a santa Comunhão, Jesus pediu que eu escrevesse mais. Não apenas a respeito das graças que me concede, mas também sobre as coisas exteriores, o que servirá para o consolo de muitas almas.
1458† Depois dessa noite de sofrimentos, quando o padre[516] entrou com Nosso Senhor na cela, um tal ardor envolveu todo o meu ser que eu sentia que, se o sacerdote tivesse demorado mais um momento, o próprio Jesus fugiria de suas mãos e viria ter comigo.
1459Depois da santa Comunhão, o Senhor disse-me: Se o sacerdote não Me tivesse trazido a ti, Eu mesmo viria sob essa mesma espécie. Minha filha, os teus sofrimentos da noite de hoje conseguiram a graça da Misericórdia para um grande número de almas.
1460Minha filha, tenho uma coisa para te dizer.- Respondi: Falai, Jesus, porque estou sedenta de ouvir as Vossas palavras.- Não Me agrada que procedas dessa maneira. Por causa das murmurações das irmãs, não aceitaste confessar-te com frei Andrasz na cela. Deves saber que, com isso, lhes deste mais motivos para murmurar.(68) Pedi perdão ao Senhor, humilhando-me muito. Ó meu Mestre, repreendei-me, não deixeis passar [nada] e não permitais que eu erre.
1461† Ó meu Jesus, quando sou incompreendida e a minha alma está atormentada, desejo ficar um momento a sós Convosco. As palavras dos mortais não me consolarão. Não me envieis, Senhor, mensageiros que falam apenas por si mesmos, o que lhes dita sua própria natureza. Consoladores assim cansam-me muito.
146206.01.1938. Hoje, quando o padre capelão[517] trouxe Nosso Senhor, saiu uma luz da Hóstia, que com o seu raio atingiu o meu coração, enchendo-me de um grande fogo de amor. Jesus fez-me conhecer que eu deveria corresponder com maior fidelidade às inspirações da graça e que a minha vigilância fosse mais sutil.
1463† Igualmente o Senhor me fez conhecer como muitos bispos estavam refletindo sobre essa Festa[518], bem como um senhor leigo[519]. Uns estavam encantados com a obra de Deus, outros demonstravam descreça, mas, apesar de tudo, a obra de Deus saiu gloriosa. (69) Madre Irena[520] e madre Maria Józefa estavam fazendo um relatório diante desses dignitários, mas estavam sendo interrogadas não tanto a respeito dessa obra como a respeito de mim mesma. Quanto a essa obra já não havia dúvidas, porquanto a glória de Deus já ressoava.
1464Hoje me sinto muito melhor e me alegrei porque poderia dedicar mais tempo à meditação durante a Hora Santa. Então ouvi uma voz: Não terás saúde e não adies o sacramento da confissão, porque isso não Me agrada. Não te prestes às murmurações dos que te cercam. Fiquei admirada com isso, pois hoje me sinto melhor, mas não refleti mais sobre isso. Quando a irmã apagou a luz, comecei a Hora Santa[521]. Mas, logo em seguida, comecei a sentir uma dor no coração. Até as onze horas sofri em silêncio, porém depois me senti tão mal que acordei a irmã N.[522], que compartilha o quarto comigo, e ela me deu as gotas, que me aliviaram um pouco, o suficiente para poder deitar-me. Eis que agora compreendo a admoestação do Senhor. Resolvi chamar, no dia seguinte, qualquer sacerdote e desvendar-lhe (70) os recônditos da minha alma. Mas isso não foi tudo; rezando pelos sacerdotes e oferecendo todos os sofrimentos, [fui atacada pelo demônio]. O espírito maligno não podia suportar isso.
1465[Apareceu-me em forma de fantasma e esse][523] fantasma me disse: "Não rezes pelos pecadores, mas por ti mesma, porque serás condenada". Não dando a mínima atenção a satanás, rezei com fervor redobrado pelos pecadores. O espírito maligno uivou de raiva: "Oh, se eu tivesse poder sobre ti!"- e desapareceu. Conheci que o meu sofrimento e a minha oração tolhiam a satanás e arrancaram muitas almas das suas garras.
1466Jesus, amante da Redenção humana, bendita seja a grandeza da Vossa misericórdia aqui na terra e na eternidade. Ó sublime Amante das almas, que na Vossa inesgotável compaixão abristes as fontes salvíficas da misericórdia, para que as almas fracas se fortaleçam na peregrinação desta vida. A Vossa misericórdia, como um fio de ouro, atravessa toda a nossa vida e mantém o contato do nosso ser com Deus em cada aspecto. [Deus] não tem necessidade de nada para ser feliz, portanto, tudo é (71) unicamente obra da Sua misericórdia. Os meus sentidos se paralisam pela alegria quando Deus me dá a conhecer mais profundamente esse Seu grande atributo, isto é, a Sua insondável misericórdia.
146707.01.1938. Primeira sexta-feira do mês. De manhã, durante a santa Missa, vi por um momento o Salvador sofrendo. O que me impressionou foi que Jesus, em meio aos grandes sofrimentos, estivesse tão tranquilo. Compreendi que é uma lição para mim, de como devo comportar-me exteriormente em meio aos diversos sofrimentos.
1468Por um bom tempo senti dores nas mãos, nos pés e no lado. Então vi certo pecador que aproveitou os meus sofrimentos e aproximou-se do Senhor. Tudo é pelas almas famintas, para não perecerem de fome.
1469† Hoje me confessei com o padre capelão[524]. Foi Jesus quem me consolou através desse sacerdote. Ó minha Mãe, Igreja de Deus, tu és uma verdadeira Mãe que compreende os seus filhos...
1470(72) Oh, como é bom que Jesus nos julgará de acordo com a nossa consciência, e não de acordo com as conversas e os juízos dos homens. Ó Bondade inconcebível, vejo-Vos cheio de bondade até no próprio Julgamento.
1471Embora me sinta fraca, e a natureza exija descanso, sinto a inspiração da graça para vencer-me e escrever. Escrever para consolo das almas que amo tanto e com as quais partilharei a eternidade toda. E desejo tão ardentemente para elas a vida eterna. Por isso, aproveito todos os momentos livres, embora tão breves, para escrever; e, da maneira como o deseja Jesus.
147208.01.[1938]. Durante a santa Missa, tive por um momento o conhecimento de que os esforços comuns, do padre S.[525] e meus, haviam dado grande glória a Deus e, embora estejamos afastados, muitas vezes estamos juntos, porque nos une um só objetivo.
1473Ó meu Jesus, meu desejo único, embora hoje eu desejasse Vos receber no coração com um ardor maior do que (73) em qualquer outra ocasião, a minha alma justamente hoje está mais árida do que nunca. A minha fé se robustece e o fruto da Vossa vinda, Senhor, será abundante. Embora às vezes chegueis sem atingir os meus sentidos, apenas reinando nas parte mais alta do meu ser - algumas vezes também os sentidos se alegram com a Vossa vinda.
1474Muitas vezes peço a Nosso Senhor que ilumine a minha mente pela fé. Expresso isso ao Senhor com estas palavras: "Jesus, dai-me inteligência, um grande intelecto, unicamente para Vos conhecer melhor, porque, quanto melhor Vos conhecer, tanto mais ardentemente Vos amarei. Ó Jesus, peço-Vos uma forte inteligência, para que entenda as coisas divinas superiores. Ó Jesus, dai-me uma grande inteligência com a qual possa chegar a conhecer a Vossa Essência divina e a Vossa vida interior e trinitária. Capacitai a minha mente através de uma especial graça Vossa. Embora saiba que a capacidade da mente é transmitida pela graça que nos é dada pela Igreja, todavia existe um grande tesouro de graças que Vós, Senhor, concedeis a pedido nosso, mas, se o meu pedido não Vos agrada, peço-Vos, não me deis a inclinação para uma tal oração".
1475(74) Busco a maior perfeição possível, para ser útil à Igreja. É assim que aumenta a minha união com a Igreja. Quer a santidade, quer a queda de qualquer alma particular reflete-se em toda a Igreja. Observando-me a mim mesma e àqueles com quem convivo mais de perto, conheci a grande influência que exerço sobre as outras almas - não por algum tipo de atos heróicos, porque esses impressionam grandemente por si mesmos, mas por atos tão insignificantes como um gesto de mão, um olhar e muitas outras coisas que não menciono e que atuam e se refletem nas outras almas, o que eu mesma percebi.
1476Oh, como é bom que a regra[526] obrigue ao estrito silêncio nos dormitórios e, excluindo-se os casos de imperiosa necessidade, nem sequer permita permanecer neles! Atualmente, tenho um quartinho onde dormimos duas, mas, no momento em que enfraqueci e tive que ficar de cama, verifiquei como é penoso quando alguém sempre fica no dormitório. A irmã N. estava fazendo um trabalho manual e ficava quase o tempo todo (75) no dormitório, enquanto outra irmã vinha lhe ensinar esse trabalho. Quanto isso me cansava é difícil de descrever, principalmente quando a gente está fraca e passou a noite em dores. Cada palavra se reflete em algum lugar no cérebro, principalmente quando as pálpebras começam a se fechar um pouco de sono. Ó regra, quanto amor há em ti...
1477Durante o ofício das Vésperas, quando era cantado o Magnificat, nas palavras "manifestou o poder do Seu braço", a minha alma foi invadida por um mais profundo recolhimento, no qual conheci e compreendi que o Senhor concluirá em breve a Sua obra na minha alma. Já não me admiro de que o Senhor não tenha me desvendado tudo antes.
1478† Por que hoje estais triste, Jesus? Dizei-me, qual é a causa da Vossa tristeza? - E Jesus me respondeu: As almas eleitas que não possuem o Meu espírito, que vivem segundo a letra[527] e colocaram essa letra acima do Meu Espírito, acima do espírito de amor. Fundei toda a Minha lei no amor e, no entanto, não vejo esse amor nem sequer na vida religiosa; por isso, a tristeza enche o Meu Coração.
1479(76) †
J.M.J.
Ó meu Jesus, em meio a terríveis amarguras e dores,
sinto que o Vosso divino Coração me acalenta;
Como uma boa mãe Vós me estreitais ao Vosso seio
e já agora me dais a sentir o que encobre o véu.
Ó meu Jesus, em meio a este horrível deserto e terror
o meu coração sente a força do Vosso olhar,
que nenhuma tempestade pode obscurecer,
e me dais a certeza interior de que muito me amais, ó Deus.
Ó meu Jesus, em meio a tamanhas misérias desta vida,
Vós, Jesus, me iluminais como uma estrela e me defendeis do naufrágio.
E, embora a minha miséria seja tão grande,
tenho grande confiança no poder da Vossa misericórdia.
Ó Jesus oculto em meio a muitas lutas na última hora,
que o poder da Vossa graça desça em minha alma,
para que logo depois de morrer eu Vos possa contemplar,
face a face, como os eleitos no céu.
Ó meu Jesus, por entre muitos perigos
caminho pela vida com um grito de alegria e altiva ergo a fronte,
porque contra o Vosso Coração cheio de amor, ó Jesus,
serão destroçados todos os inimigos e dispersas as trevas.
1480(77) † Jesus, escondei-me na Vossa misericórdia e defendei-me de tudo o que possa atemorizar a alma; que não se decepcione a confiança que depositei na Vossa misericórdia. Defendei-me com o poder da Vossa misericórdia e ainda julgai-me bondosamente.
1481Hoje[528], durante a santa Missa, vi junto ao meu genuflexório o Menino Jesus, como se tivesse um ano de idade, e Ele me pedia que O pegasse nos meus braços. Quando O tomei nos braços, reclinou-se no meu coração e me disse: Sinto-Me bem junto do teu coração.- Embora sejais tão pequeno, eu sei que sois Deus. Por que assumis a figura de um menino para conviver comigo? - Porque quero ensinar-te a infância espiritual. Quero que sejas muito pequena, porque, quando és pequena, Eu te carrego junto ao Meu Coração, da mesma maneira como tu neste momento Me seguras junto ao teu coração.- Nesse momento fiquei sozinha, mas ninguém compreenderá a emoção da minha alma. Eu estava tão mergulhada em Deus - como uma esponja jogada no mar...
1482(78) † Ó meu Jesus, Vós sabeis a quantas coisas tive que me expor por dizer a verdade. Ó verdade, tantas vezes oprimida, que trazeis quase sempre uma coroa de espinhos! Ó Verdade eterna, fortalecei-me para que eu tenha que pagar isso com a vida. Ó Jesus, como é difícil acreditar nisto, quando se vê na vida um procedimento contrário àquilo que se ensina aos outros.
1483Foi por isso que, no retiro, depois de uma longa observação da vida, decidi fixar firmemente o meu olhar apenas em Vós, ó Jesus, o mais perfeito dos modelos. Ó eternidade, que desvendarás muitos mistérios e mostrarás a verdade!...
1484Ó Hóstia viva, fortalecei-me neste exílio, para que eu possa seguir fielmente os passos do Salvador. Não peço, Senhor, que me tireis da cruz, mas suplico que deis força para perseverar nela. Desejo ficar estendida na cruz como Vós, Jesus. Desejo todos os suplícios e dores que Vós sofrestes, desejo beber o cálice da amargura até à última gota.
1485(79) Bondade Divina
- Jesus: Alma pecadora, não tenhas medo do teu Salvador. Eu, por primeiro, tomo a iniciativa de Me aproximar de ti, pois sei que por ti mesma não és capaz de elevar-te até Mim. Não fujas, filha, de teu pai, dispõe-te a dialogar a sós com o teu Deus de misericórdia, que quer dizer-te palavras de perdão e cumular-te com Suas graças. Oh, como Me é cara a tua alma! Inscrevi o teu nome nas Minhas mãos; tu te gravaste como chaga profunda no Meu Coração.
- Alma: "Senhor, ouço a Vossa voz que me conclama a voltar do mau caminho, mas não tenho coragem nem força".
- Jesus: Eu sou a tua força, Eu te darei poder para a luta.
- Alma: "Senhor, conheço a Vossa santidade e tenho medo de Vós".
- Jesus: Minha filha, por que tens medo do Deus de misericórdia?(80) A Minha santidade não impede que Eu seja misericordioso para contigo. Vê, alma, para ti fundei o trono da misericórdia na terra, esse trono é o sacrário; dele desejo descer ao teu coração. Repara que não Me cerquei de séquito, nem de guardas. Tens acesso a Mim a todo o momento, a qualquer hora do dia quero falar contigo e desejo conceder-te graças.
- Alma: "Senhor, não sei se me perdoareis tão grande quantidade de pecados; a minha miséria enche-me de temor".
- Jesus: A Minha misericórdia é maior que as tuas misérias e as do mundo inteiro. Quem pode medir a extensão da Minha bondade? Por ti desci do céu à terra, por ti permiti que Me pregassem na Cruz, por ti permiti que fosse aberto pela lança o Meu Sacratíssimo Coração e, assim, abri para ti uma fonte de misericórdia. Vem haurir graças dessa fonte com o vaso da confiança. Nunca rejeito um coração humilhado. A tua miséria ficou submersa no abismo da Minha misericórdia. Por que terias que travar Comigo [uma disputa] sobre a tua miséria? Dá-Me antes o prazer de Me entregares todas as tuas penúrias e toda a miséria, e Eu te cumularei com tesouros de graças.
(81) - Alma: "Vencestes, Senhor, com a Vossa bondade o meu coração de pedra. Eis que me aproximo do tribunal da Vossa misericórdia com confiança e humildade; absolvei-me Vós mesmo pelas mãos do Vosso representante. Ó Senhor, sinto como a graça e a paz desceram à minha pobre alma. Sinto que a Vossa misericórdia, Senhor, envolveu-me toda. Vós me perdoastes mais do que eu ousei esperar, ou fui capaz de supor. A Vossa bondade ultrapassou todos os meus anseios. E agora convido-Vos ao meu coração, cheia de gratidão por tantas graças. Andei por caminhos errados como o filho pródigo, e Vós não deixastes de ser Pai para mim. Multiplicai em mim a Vossa misericórdia, porque vedes como sou fraca".
- Jesus: Filha, não fales mais da tua miséria, porque já não Me lembro dela. Ouve, Minha filha, o que desejo dizer-te. Reclina-te em Minhas Chagas e absorve da fonte da vida tudo o que teu coração possa desejar. Bebe abundantemente da fonte da vida e não desfalecerás no caminho. Olha para os esplendores da Minha misericórdia e não temas os inimigos da tua salvação. Glorifica a Minha misericórdia.
1486(82) Diálogo de Deus misericordioso com a alma em desespero
- Jesus: Alma mergulhada em trevas, não desesperes. Ainda nem tudo está perdido. Entra em diálogo com o teu Deus, que é o Amor e a própria Misericórdia.
Infelizmente, a alma permanece surda ao chamado divino e mergulha em trevas ainda maiores.
-Jesus chama novamente: Alma, ouve a voz de teu Pai misericordioso.
Na alma desperta a resposta: "Não existe mais misericórdia para mim". E cai em trevas ainda maiores, numa espécie de desespero, que lhe dá como que uma antecipação do inferno e a torna completamente incapaz de se aproximar de Deus.
Jesus fala à alma pela terceira vez, mas a alma mantém-se surda e cega, começa a se confirmar na dureza de coração e no desespero. Então, começam de certa forma a se esforçar as entranhas da misericórdia de Deus e, sem nenhuma cooperação da alma, Deus lhe dá a Sua última graça. Se a desprezar, Deus a deixará pelos séculos no estado em que ela mesma quer ficar. Essa graça sai do misericordioso Coração de Jesus, atinge a alma com sua luz, e a alma começa a compreender (83) o esforço de Deus, mas a resposta depende dela. Ela sabe que essa graça é para ela a derradeira e, se demonstrar um pouco de boa vontade - ainda que seja o mínimo - a misericórdia de Deus fará o resto.
- [Jesus]: Aqui age a onipotência da Minha misericórdia. Feliz a alma que fizer bom uso dessa graça.
- Jesus: Tua volta enche Meu Coração de alegria. Vejo-te muito fraca e, por isso, tomo-te em Meus ombros e te levo para a casa de Meu Pai.
- A alma, como que despertando: "Será possível que ainda existe misericórdia para mim?" - pergunta cheia de temor.
- Jesus: Justamente tu, Minha filha, tens direito exclusivo à Minha misericórdia. Deixa a Minha misericórdia agir na tua pobre alma. Deixa que os raios de Minha graça envolvam a tua alma, trazendo-te luz, calor e vida.
- Alma: "No entanto, o temor me invade só de lembrar-me dos meus pecados, e esse horrível pavor leva-me a duvidar da Vossa bondade."
- Jesus: Fica sabendo, alma, que todos os teus pecados não feriram tão dolorosamente o Meu Coração como esta tua desconfiança; depois de tantos esforços do Meu amor(84) e da Minha misericórdia, não confias em Minha bondade.
- Alma: "Ó Senhor, salvai-me Vós mesmo, porque pereço. Sede o meu Salvador. Senhor, não sou capaz de dizer mais nada. Está dilacerado o meu pobre coração, mas Vós, Senhor...".
Jesus não permitiu que a alma concluísse essas palavras, mas a levantou da terra, do abismo da miséria, e imediatamente a introduziu na morada de Seu próprio Coração, e todos os pecados desapareceram num piscar de olhos. O fogo do amor os destruiu.
- Jesus: Aqui tens, alma, todos os tesouros do Meu Coração, tira dele tudo de que necessitares.
- Alma: "Senhor, encontro-me inundada pela Vossa graça, sinto que uma nova vida começa para mim. Mas sobretudo sinto o Vosso amor em meu coração, e isso me basta. Senhor, glorificarei por toda a eternidade o poder da Vossa misericórdia. Animada pela Vossa bondade, eu Vos relatarei toda a dor do meu coração".
- Jesus: Filha, fala tudo sem nenhuma restrição, porque te ouve um Coração amoroso, o Coração do teu melhor amigo.
- Alma: "Senhor, agora vejo toda a minha ingratidão e a Vossa bondade. Vós me perseguistes com a Vossa graça, e eu tornava inúteis todos os Vossos esforços. Vejo que (85) mereceria as profundezas do inferno por ter desperdiçado as Vossas graças".
Jesus interrompe a fala da alma - e [diz]: Não te aprofundes no abismo da tua miséria. Estás demasiado fraca para falar nisso. É melhor que contemples o Meu Coração cheio de bondade, impregna-te dos Meus sentimentos e procura viver em mansidão e em humildade. Sê misericordiosa para com os outros, como Eu sou para contigo e, quando sentires que as forças te abandonam, vem à fonte da misericórdia e fortalece a tua alma, e não desfalecerás no caminho.
- Alma: "Agora compreendo a Vossa misericórdia, que me defende como uma nuvem luminosa e me conduz à casa de meu Pai, resguardando-me do terrível inferno, que mereci não uma, mas mil vezes. Senhor, não me será suficiente a eternidade para glorificar dignamente a Vossa insondável misericórdia, a Vossa compaixão por mim".
1487† Diálogo de Deus misericordioso com a alma sofredora
- Jesus: Alma, vejo que estás sofrendo muito. Vejo que não tens força nem sequer para falar Comigo. Eis que Eu mesmo falarei contigo. Ainda que os teus sofrimentos sejam (86) os maiores, não percas a tranquilidade de espírito nem te abandones ao desânimo. No entanto, diz para Mim, Minha filha, quem ousou ferir o teu coração? Conta-Me tudo, fala-Me de tudo, sê sincera no procedimento Comigo, desvenda-Me todas as feridas do teu coração. Eu as curarei, e o teu sofrimento se tornará fonte da tua santificação.
- Alma: "Senhor, meus sofrimentos são tão grandes e tão numerosos e duram há tanto tempo que começo a desanimar".
- Jesus: Minha filha, não podes desanimar. Sei que confias em Mim sem limites, sei que conheces a Minha bondade e a Minha misericórdia. Então, talvez possamos conversar detalhadamente sobre tudo o que aflige o teu coração.
- Alma: "Tenho tantas coisas para Vos dizer que não sei do que falar primeiro, nem como expressar tudo isso".
- Jesus: Fala Comigo com simplicidade, como entre amigos. Então, conta-Me, Minha filha, o que te detém no caminho da santidade?
- Alma: "A falta de saúde me detém no caminho da santidade. Não posso cumprir as obrigações; sou a própria inutilidade. Não possso mortificar-me, jejuar rigorosamente, como faziam os santos (87). Ou, então, não acreditam que estou doente, e ao sofrimento físico ajunta-se o sofrimento moral, donde decorrem muitas humilhações. Estais vendo, Jesus? Como posso tornar-me santa?".
- Jesus: Filha, é verdade, tudo isso é sofrimento, mas não existe outro caminho para o céu além do caminho da cruz. Eu mesmo passei primeiro por ele. Deves saber que é o caminho mais curto e o mais seguro.
- Alma: "Senhor, um outro obstáculo que me opõe dificuldades no caminho da santidade é que Vos sou fiel; perseguem-me e por esse motivo causam-me muitos sofrimentos."
- Jesus: Deves saber que é por não seres deste mundo que o mundo te odeia. Primeiro perseguiu a Mim. A perseguição é a prova de que estás seguindo fielmente os Meus passos.
- Alma: "Senhor, o que me desanima é que nem as superioras, nem o confessor me entendem em meus sofrimentos interiores. As trevas escurecem a minha mente, e como devo seguir adiante? Tudo isso, de certa forma, me desanima e penso que as alturas da santidade não são para mim".
- Jesus: Bem, Minha filha, desta vez Me dissestes muita coisa. Sei que é um grande sofrimento ser (88) incompreendida, e mais ainda por aqueles que amamos e com os quais devemos ser sinceros. Porém, seja-te suficiente que Eu te compreendo em todas as tuas penas e misérias. Regozijo-Me com a fé profunda que, apesar de tudo, tens em Meus representantes. Mas deves saber que os homens nunca serão capazes de compreender inteiramente a alma, porque isso está acima das suas possibilidades. Por isso, Eu mesmo fiquei na terra, para consolar teu coração aflito e fortalecer a tua alma, para que não desfaleças no caminho. Dizes que grandes trevas obscurecem a tua mente; então, por que não Me procuras nesses momentos? Eu sou a luz, e posso num momento derramar na tua alma tanta luz e compreensão da santidade que não poderias encontrar em livro algum. Nenhum confessor é capaz de assim instruir e iluminar a alma. Deves saber ainda que, por essas trevas das quais te queixas, Eu passei por primeiro por ti no Jardim das Oliveiras. A Minha Alma estava oprimida por uma tristeza mortal, e estou dando a ti uma parcela desses sofrimentos, pelo Meu amor especial para contigo e pelo elevado grau de santidade que te (89) destino no céu. A alma sofredora é a que se encontra mais próxima do Meu Coração.
- Alma: "Mas ainda uma coisa, Senhor: o que fazer se sou repelida e rejeitada pelas pessoas, especificamente por aquelas com quem tinha o direito de contar, e ainda nos momentos de maior necessidade?".
- Jesus: Minha filha, faz o propósito de nunca te apoiares nas pessoas. Conseguirás muita coisa se te submeteres inteiramente à Minha vontade e disseres: "Faça-se em mim não como eu quero, mas segundo a Vossa vontade, ó Deus". Deves saber que essas palavras, pronunciadas da profundeza do coração, nesse mesmo instante elevam a alma ao auge da santidade. Por uma alma assim tenho predileção especial. Ela Me dá grande glória. Ela enche o céu com o perfume da sua virtude. Mas deves saber que a força que tens em ti para suportar os sofrimentos decorre da santa Comunhão frequente; portanto, vem com frequência a esta fonte da misericórdia e tira com o vaso da confiança tudo de que necessitares.
- Alma: "Graças Vos sejam dadas, Senhor, por Vossa inconcebível bondade, por Vos terdes dignado ficar conosco neste exílio e habitar conosco como Deus de misericórdia, (90) e por derramardes à nossa volta o brilho da Vossa compaixão e bondade. Foi à luz dos Vossos raios de misericórdia que compreendi quanto me amais".
1488 Diálogo de Deus misericordioso com a alma que busca a perfeição
- Jesus: Agradam-Me os teus esforços, alma que busca a perfeição, mas por que te vejo com tanta frequência triste e oprimida? Diz para Mim, Minha filha, o que significa essa tristeza e qual é a sua causa?
- Alma: "Senhor, a causa da minha tristeza é que, apesar dos meus sinceros propósitos, caio continuamente e sempre nos mesmos erros. De manhã faço o propósito, e à noite vejo quanto me afastei dele".
- Jesus: Estás vendo, Minha filha, o que és por ti mesma, e que a causa das tuas quedas é o fato de contares demais contigo mesma e pouco te apoiares em Mim. Mas, que isso não te entristeça demasiadamente. Estás tratando com o Deus de Misericórdia; a tua miséria não a esgotará, pois não limitei o número dos Meus perdões.
- Alma: "Sim, sei de tudo isso, (91) mas investem contra mim grandes tentações e despertam em mim diversas dúvidas, e com isso tudo me irrito e desanimo".
- Jesus: Minha filha, fica sabendo que os maiores obstáculos à santidade são o desânimo e a inquietação infundada. Eles te impedem de praticar a virtude. Todas as tentações juntas não deveriam, nem por um momento, perturbar a tua paz interior. A irritabilidade e o desânimo são frutos do teu amor-próprio. Não deves nunca desanimar-te, mas esforçar-te para que em lugar do amor-próprio possa reinar o Meu amor. Portanto, tem confiança, Minha filha; não deves desanimar. Vem buscar o Meu perdão, pois Eu estou sempre pronto a te perdoar. Quantas vezes Me pedires o perdão, tantas vezes glorificarás a Minha misericórdia.
- Alma: "Eu conheço o que é mais perfeito e o que mais Vos agrada, mas encontro grandes obstáculos para pôr em prática o que conheço."
Jesus: Minha filha, a vida na terra é um combate, e um grande combate, pelo Meu Reino, mas não temas, porque não estás sozinha. Eu te fortaleço (92) sempre, portanto apoia-te no Meu braço e luta, sem ter medo de nada. Toma o vaso da confiança e tira da fonte da vida não somente para ti, mas pensando também nas outras almas, especialmente naquelas que não confiam na Minha bondade.
- Alma: "Senhor, sinto o meu coração encher-se do Vosso amor; sinto que os raios da Vossa misericórdia e do Vosso amor invadiram a minha alma. Eis que sigo, Senhor, o Vosso chamado; eis que parto para a conquista das almas. Amparada pela Vossa graça, estou pronta a Vos seguir não somente ao Tabor, mas também ao Calvário. Desejo conduzir as almas à fonte da Vossa misericórdia, a fim de que em todas elas se reflita o esplendor dos raios da Vossa misericórdia, a fim de que a casa de nosso Pai fique cheia. E, quando o inimigo começar a atirar os seus projéteis contra mim, então me protegerei atrás do escudo da Vossa misericórdia".
1489 Diálogo de Deus misericordioso com a alma perfeita
- Alma: "Meu Senhor e Mestre, desejo falar Convosco".
- Jesus: Fala, porque te escuto a qualquer hora, filha querida (93). Sempre estou à tua espera. Sobre o que é que desejas falar Comigo?
- Alma: "Senhor, primeiramente derramo a Vossos pés o meu coração como perfume de gratidão por tantas graças e benefícios com que me cumulais sem cessar, que são tão numerosos que, se os quisesse contar, não poderia fazê-lo. Lembro-me apenas de que nunca houve um momento na minha vida em que eu não tivesse experimentado a Vossa proteção e bondade".
Jesus: Agradam-Me as tuas palavras, e tua ação de graças abre-te novos tesouros de graças. Mas, Minha filha, talvez pudéssemos falar não em geral, mas em detalhes, sobre o que mais te pesa no coração. Conversemos em confidência, sinceramente, como dois corações que se amam reciprocamente.
- Alma: "Ó meu Senhor misericordioso, existem segredos no meu coração os quais, além de Vós, ninguém conhece, nem conhecerá jamais. Mesmo que eu os quisesse revelar, ninguém me compreenderia. Alguma coisa conhece o Vosso representante, porque afinal me confesso com ele, mas apenas na medida em que sou capaz de lhe desvendar esses segredos. O resto fica entre nós por toda a eternidade, ó meu Senhor! (94) Vós me cobristes com o manto da Vossa misericórdia, sempre me perdoando os pecados. Nunca me recusastes o Vosso perdão, mas compadecendo-Vos de mim, sempre me oferecestes vida nova, a vida da graça. E, para que eu em nada duvidasse, Vós me entregastes à carinhosa proteção da Vossa Igreja, essa verdadeira mãe carinhosa que, em Vosso Nome, assegura-me as verdades da fé e vela para que eu nunca erre. Sobretudo no tribunal da Vossa misericórdia a minha alma obtém todo um mar de clemência. Aos anjos rebeldes não destes tempo para penitência, nem lhes prorrogastes o tempo de misericórdia. Ó meu Senhor, colocastes no caminho da minha vida santos sacerdotes que me indicam o caminho certo.
Jesus, existe mais um mistério em minha vida - o mais profundo, mas também o mais amoroso - que sois Vós mesmo, quando sob a espécie do pão vindes ao meu coração. Aqui está todo o mistério da minha santidade. Aqui no meu coração, unido com o Vosso, torna-se um só, aqui já não existe nenhum mistério, porque tudo o que é Vosso - é meu, e o que é meu - é Vosso. Eis o poder e (95) o milagre da Vossa misericórdia. Nem todas as línguas juntas, humanas e angélicas, encontrarão palavras suficientes para expressar esse mistério de amor e da Vossa insondável misericórdia. Quando reflito sobre esse mistério de amor, o meu coração entra em novo êxtase de amor, e no silêncio falo-Vos de tudo, Senhor, porque a linguagem do amor é sem palavras, porque não passa despercebido nem um dos estremecimentos do meu coração. Ó Senhor, apesar da Vossa grande condescendência, a Vossa grandeza cresceu na minha alma e, por isso, despertou nela um amor ainda maior para Convosco - objeto único do meu amor - porque a vida de amor e união transparece exteriormente numa perfeita pureza e profunda humildade, na afetuosa mansidão e grande zelo pela salvação das almas.
Ó meu dulcíssimo Senhor, Vós velais por mim a cada instante e me dais a inspiração de como proceder em determinado caso, quando o meu coração hesita entre uma coisa e outra. Fostes Vós mesmo que tantas vezes interviestes para resolver a questão. Ah, quantas vezes com uma inspiração (96) me destes a conhecer o que mais Vos agrada!
Oh, quantos são esses perdões secretos, dos quais ninguém sabe. Quantas vezes derramastes na minha alma força e coragem para prosseguir. Vós mesmo afastastes as dificuldades[530] do meu caminho, intervindo diretamente na ação humana. Ó Jesus, tudo o que Vos disse é uma pálida sombra diante da realidade do que se passa no meu coração. Ó meu Jesus, como desejo a conversão dos pecadores! Vós sabeis o que faço por eles, para conquistá-los para Vós. Dói-me imensamente toda ofensa cometida contra Vós. Vós vedes que não poupo esforços nem saúde na defesa do Vosso Reino. Embora na terra os meus esforços sejam imperceptíveis, não são menos valiosos aos Vossos olhos.
Ó Jesus, desejo conduzir as almas à fonte da Vossa misericórdia, para que tirem a água regeneradora da vida com o vaso da confiança. Se a alma deseja experimentar em si maior misericórdia de Deus, que se aproxime de Deus com grande confiança, e, se a sua confiança em Deus for sem limites, também a misericórdia de Deus para com ela será sem limites. Ó meu Senhor, (97) que conheceis cada pulsar do meu coração, Vós sabeis quão ardentemente desejo que todos os corações batam exclusivamente por Vós, que toda alma glorifique a grandeza da Vossa misericórdia".
- Jesus: Caríssima filha Minha, delícia do Meu Coração, as tuas palavras Me são mais caras e agradáveis do que o cântico dos anjos. Para ti estão abertos todos os tesouros do Meu Coração. Tira desse Coração tudo de que necessitas para ti e para o mundo inteiro. Pelo teu amor, afasto os justos castigos que a humanidade merece. Um só ato de amor puro para Comigo Me é mais agradável do que milhares de hinos de almas imperfeitas. Um só suspiro de amor teu desagrava-Me por muitas injúrias que Me infligem os ímpios. A menor ação, ou ato de virtude, tem a Meus olhos valor imenso, e é pelo grande amor que tens para Comigo. Numa alma que vive exclusivamente pelo Meu amor, reino como no céu. Dia e noite vela sobre ela o Meu olhar. Encontro nela a Minha predileção e tenho o ouvido atento aos (98) pedidos e murmúrios do seu coração, e muitas vezes Me adianto aos seus pedidos. Ó filha por Mim especialmente amada, menina dos Meus olhos, descansa um momento junto aos Meu Coração e saboreia esse amor com que te deliciarás pela eternidade toda.
Mas, filha, ainda não estás na pátria; por isso vai - fortalecida pela Minha graça - e luta pelo Meu Reino nas almas dos homens. Mas luta como filha de rei e lembra-te de que depressa passarão os dias do exílio e, com eles, a possibilidade de acumular méritos para o céu. Espero de ti, Minha filha, um grande número de almas, que por toda a eternidade glorificarão a Minha misericórdia. Minha filha, para poderes responder dignamente ao Meu chamado, recebe-Me diariamente na santa Comunhão - ela te dará forças...
(99) Jesus, não me deixeis sozinha no sofrimento. Vós, Senhor, sabeis como sou fraca, sou o abismo da miséria, sou o próprio nada. Então não será de admirar que, se me deixardes sozinha, logo venha a cair. Sou como uma criaça recém-nascida, Senhor, não sou capaz de me orientar sozinha. No entanto, confio acima de qualquer abandono e confio apesar do meu sentimento; confio e me transformo toda em confiança, algumas vezes não obstante aquilo que sinto. Em nada diminuais o meu sofrimento, dai-me somente força para suportá-lo. Fazei comigo o que Vos aprouver, Senhor, dai-me somente a graça de eu saber amar-Vos em cada ocasião e circunstância. Não diminuais, Senhor, o cálice da amargura, dai-me somente força para eu ser capaz de o esvaziar.
Senhor, Vós me elevais, algumas vezes, até a claridade das visões e, outras, me mergulhais na noite escura e no abismo do meu nada; e a alma se sente como que desolada no meio de uma selva muito densa... No entanto, acima de tudo confio em Vós, Jesus, porque sois imutável. A minha maneira de ser é mutável, mas Vós sois sempre o mesmo, cheio de misericórdia.
1490 (100)† Jesus, Fonta da Vida, santificai-me! Minha força, fortificai-me! Meu Comandante, lutai por mim! Única luz da minha alma, iluminai-me! Meu Mestre, conduzi-me! A Vós me entrego como uma criança recém-nascida ao amor de sua mãe. E, mesmo que tudo conspire contra mim ou, ainda, que a terra se abra sob os meus pés, estou tranquila junto ao Vosso Coração. Vós sois sempre para mim como a mais carinhosa das mães e superais todas as mães. Eu Vos cantarei a minha dor pelo silêncio, e Vós me compreendereis acima de toda a expressão...
(1491) † Hoje veio visitar-me o Senhor e disse: Minha filha, não tenhas medo do que virá sobre ti. Não te deixarei sofrer acima das tuas forças. Conheces o poder da Minha graça, que isso seja suficiente. Após essas palavras, o Senhor me deu uma compreensão mais profunda da ação da Sua graça.
(1492) Antes da santa Comunhão, Jesus me fez conhecer que decididamente não devo dar ouvidos (101) à conversa de uma das irmãs, porque não Lhe agrada a sua astúcia e manha. - Minha filha, não exponhas a essa pessoa nem os teus pontos de vista, nem a tua opinião. Pedi perdão ao Senhor pelo que não Lhe agradava nessa alma e supliquei que me fortalecesse com a Sua graça no momento em que ela viesse novamente conversar comigo. Ela fez tantas perguntas sobre muitas coisas, às quais lhe respondi com todo o amor de irmã e, como prova de que lhe falava de coração, disse algumas coisas da minha experiência própria, mas essa alma tinha outras intenções e outras palavras em seus lábios...
(1493) † Ó meu Jesus, desde o momento em que me entreguei inteiramente a Vós, nem penso em mim mesma. Podeis fazer de mim o que quiserdes. Cuido apenas de uma coisa, isto é, daquilo que mais Vos apraz e em que, Senhor, posso agradar-Vos. Fico atenta e alerta em cada ocasião. Não importa se exteriormente, neste caso, me julgam de outra forma...
(1494) (102) 15.01.1938. Hoje, quando me veio visitar a mesma irmã a respeito da qual fui admoestada pelo Senhor, em espírito armei-me para a luta. Embora isso me tenha custado muito, não me afastei nem um milímetro da recomendação de Deus. No entanto, quando já tinha passado uma hora e essa irmã não pensava em se retirar, interiormente pedi a ajuda de Jesus. Então ouvi uma voz na alma: Não tenhas medo, estou te olhando neste momento e te ajudando. Logo te enviarei duas irmãs, que virão visitar-te, e então será fácil continuar a conversa. E imediatamente entraram duas irmãs e então a conversa tornou-se muito fácil, embora durasse ainda meia hora.
(1495) Oh, como é bom pedir a ajuda a Jesus durante a conversa! Oh, como é bom pedir graças fortificantes num momento de paz! O que mais temo são essas conversas supostamente confidenciais. É preciso ter, então, muita luz de Deus para conversar com proveito para essa alma e para si mesmo. Deus ajuda, mas é preciso perdir-Lhe; que ninguém confie muito em si mesmo.
(1496) (103) 17.01.1938. Hoje, desde manhã, a minha alma encontra-se no calabouço. Não posso elevar-me até Jesus, sinto-me como que abandonada por Ele. Não me voltarei às criaturas em busca de luz, porque sei que, se Jesus quiser manter-me nas trevas, elas não podem me iluminar. Submeto-me à Sua santa vontade e sofro; no entanto a luta se torna cada vez mais encarniçada. Durante o ofício de vésperas, tentei unir-me na oração com as irmãs. Quando me transportei em pensamento à capela, o meu espírito mergulhou em trevas ainda maiores.
(1497) Apoderou-se de mim um desânimo de tudo. Então ouço a voz do demônio: "Olha como é contraditório tudo o que Jesus te dá: manda que fundes um convento e te dá a doença; manda que te esforces para conseguir essa Festa da Misericórdia e o mundo nem quer saber dessa Festa. Por que rezas por essa Festa? Essa Festa é tão inoportuna". - A minha alma mantinha-se calada e rezava por um ato de vontade, não travando diálogo com o espírito das trevas. No entanto tomou conta de mim uma tão estranha apatia pela vida que eu fazia grandes esforços de vontade para me conformar com a vida... (104). E ouço novamente as palavras do tentador: "Pede a morte para ti amanhã depois da santa Comunhão. Deus te atenderá, porque já tantas vezes te atendeu e te concedeu o que Lhe pedistes". Mas eu, calada, rezei com um ato de vontade, ou antes, submentendo-me a Deus, pedindo-Lhe interiormente que não me abandonasse anquele momento.
Já eram onze horas da noite, todas as irmãs já dormiam nas celas, apenas a minha alma estava lutando, e com um grande esforço. O tentador continua a falar-me: "Por que te importas com as outras almas? Tu deverias rezar apenas por ti mesma. Os pecadores, eles se converterão sem as tuas preces. Estou vendo que estás sofrendo muito neste momento; por isso vou te dar um conselho, do qual vai depender a tua felicidade: nunca fales da misericórdia de Deus e, especialmente, não encorajes os pecadores à confiança na misericórdia de Deus, porque eles merecem o justo castigo. Outra coisa muito importante é que não fales do que ocorre em tua alma aos confessores, especialmente a esse frade extraordinário e a esse padre de Vilnius. Eu os conheço e sei quem são eles e, por isso, quero prevenir-te (105) contra eles. Olha, para ser uma boa religiosa é suficiente viver como todas as outras. Por que te expões a tantas dificuldades?".
(1498) Guardando o silêncio por um decidido ato de vontade, consegui perseverar em Deus, embora um gemido se levantasse do coração. Finalmente afastou-se o tentador e eu, cansada, adormeci imediatamente. De manhã, logo após receber a santa Comunhão, entrei na minha cela e, caindo de joelhos, renovei o ato de submissão em tudo à santíssima vontade de Deus[531]. "Peço-Vos, Jesus, dai-me forças para a luta, faça-se comigo segundo a Vossa santíssima vontade. A minha alma ama a Vossa santíssima vontade".
(1499) Nesse momento, vi Jesus, que me disse: Estou satisfeito com o que estás fazendo. Continua tranquila, se fizeres sempre o que estiver ao teu alcance em toda essa obra da misericórdia. Que a tua sinceridade diante do confessor seja a maior possível. O demônio não conseguiu nada tentando-te, porque não iniciaste diálogo com ele. Continua a agir assim. Hoje Me deste uma grande glória lutando tão fielmente. (106) Que o teu coração se fortifique e se confirme na convicção de que Eu sempre estou contigo, embora não Me sintas no momento da luta.
(1500) Hoje o amor de Deus me transporta ao outro mundo. Estou submersa no amor, amo e sinto que sou amada, e experimento isso em plena consciência. A minha alma mergulha no Senhor, conhecendo a grande majestada de Deus e a minha pequenez, mas por esse conhecimento aumenta a minha felicidade... Essa consciência é tão viva na alma, tão poderosa e, ao mesmo tempo, tão doce.