Oração Ave Maria

Diário - Caderno II

Cantarei a Misericórdia do Senhor pelos séculos

(1)

J.M.J.

522† Cantarei a misericórdia do Senhor pelos séculos
diante de todo o povo,
porque ela é o maior atributo de Deus,
e, para nós, um milagre sem fim.

Jorras da Trindade Divina,
mas de um único amoroso seio;
a misericórdia do Senhor se manifestará na alma
em toda a plenitude, quando cair o véu.

Da fonte da Vossa misericórdia, ó Senhor,
flui toda a felicidade e vida,
por isso vós, criaturas todas e elementos,
cantai enlevados a canção da misericórdia.

As entranhas da Misericórdia de Deus
foram abertas para nós pela vida de Jesus, estendido na cruz;
não deves duvidar, nem desesperar, pecador, mas confiar na misericórdia, porque também tu podes ser santo.

Duas fontes jorraram em forma de raios do Coração de Jesus,
não para os anjos, querubins ou serafins,
mas para a salvação do pecador.

(2)

J.M.J.

523Ó vontade divina, sede o meu amor.

Meu Jesus, Vós sabeis que eu não escreveria uma só palavra por mim mesma e, se estou escrevendo, é apenas para cumprir a santa obediência, atendendo a uma ordem expressa[257].

Deus e as almas

Irmã Maria Faustina
do Santíssimo Sacramento[258]

524† Ó Jesus, Deus oculto,
o meu coração Vos sente;
ainda que Vos escondam os véus,
Vós sabeis que Vos amo.

525(3) † Vilnius 24.11.1935

J.M.J. † Segundo caderno

Deus seja glorificado!

Ó Santíssima Trindade, plenitude da vida interior de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, alegria eterna, profundeza inconcebível de amor que se derrama sobre todas as criaturas e as torna felizes, honra e glória sejam dadas ao Vosso Nome, pelos séculos dos séculos — Amém.

Ó meu Deus, quando tomo consciência da Vossa imensidade e beleza, alegro-me indizivelmente por ser tão grande o Senhor a quem sirvo. Com amor e alegria cumpro a Sua santa vontade, e quanto mais O conheço, tanto mais ardentemente desejo amá-Lo. Abrasa-me o desejo de O amar cada vez mais.

526 (4) † Dia 14. Nesta quinta-feira, quando fazíamos a adoração noturna[259], de início eu não conseguia rezar; uma espécie de aridez havia tomado conta de mim. Não era capaz de meditar sobre a dolorosa Paixão de Jesus e, então, prostrei-me com os braços estendidos e ofereci a Dolorosa Paixão de Nosso Senhor ao Pai Celestial como reparação pelos pecados do mundo inteiro. Quando me levantei do chão dessa oração e fui ao meu genuflexório, de repente vi Jesus diante de mim. Nosso Senhor tinha o aspecto tal como se apresenta na flagelação. Trazia nas Suas mãos uma veste branca, com a qual me vestiu, e um cordão com o qual me cingiu; colocou-me ainda uma capa vermelha, como aquela com que estava coberto na Paixão e pôs-me um véu da mesma cor. Disse-me: Esta é a veste que tu e as tuas companheiras deveis usar. A Minha vida, desde o nascimento até a morte na Cruz, será a Vossa regra. Contempla-Me e vive de acordo com isto mesmo. Desejo que mergulhes mais profundamente no Meu Espírito(5) e compreendas que sou manso e humilde de coração.

527Em determinado momento, senti dentro de mim um impulso para que eu pusesse mãos à obra e cumprisse tudo o que Deus está exigindo de mim. Entrei por um momento na capela e ouvi esta voz na alma: Por que tens medo? Pensas, por acaso, que Me faltará poder para te amparar? — Nesse momento senti na alma uma força estranha, e todas as contrariedades que pudesse encontrar no cumprimento dessa vontade de Deus pareciam ser nada.

528Na sexta-feira, durante a santa Missa, quando a minha alma estava inundada por uma divina felicidade, ouvi na alma estas palavras: A Minha misericórdia passou às almas pelo Coração divino-humano de Jesus, como um raio de sol através de um cristal. Senti na alma e compreendi que toda a aproximação de Deus nos é dada por Jesus; Nele e por Ele.

529 (6) No dia do encerramento da novena em Ostra Brama, à noite[260], após o cântico da ladainha, um dos sacerdotes trouxe o Santíssimo Sacramento no ostensório. Quando o depositou no altar, logo vi o Menino Jesus pequenino, que estendia as Suas mãozinhas para a Sua Mãe que, naquele momento, tinha um aspecto vivo. Enquanto a Mãe Santíssima falava comigo — Jesus estendia as mãozinhas para o povo reunido. A Mãe Santíssima dizia-me que aceitasse todas as exigências de Deus como uma pequena criança, sem nenhuma indagação, pois de outra forma isso não agradaria a Deus. Nesse momento desapareceu o Menino Jesus e a Mãe de Deus deixou de se mostrar viva; a imagem ficou como era antes, mas a minha alma estava cheia de alegria e de grande felicidade. Eu disse ao Senhor: “Fazei comigo o que Vos aprouver, estou pronta para tudo, mas Vós, ó Senhor, não Vos afasteis de mim nem por um momento”.

(7)

530 J.M.J. Em honra da Santíssima Trindade

Pedi à madre superiora[261] para fazer um jejum de quarenta dias, alimentando-me apenas uma vez por dia com uma fatia de pão e um copo d’água. A madre superiora não concordou com os quarenta dias, permitindo-me apenas sete dias, de acordo com o parecer do confessor[262]: “Não posso afastar a irmã inteiramente das tarefas, por causa das irmãs que poderiam perceber alguma coisa; concedo-lhe a permissão de se entregar à oração e às anotações de algumas dessas coisas, mas terei mais dificuldade em justificá-la no que diz respeito ao jejum, pois quanto a isso não posso realmente arranjar algum pretexto”. E concluiu: “A irmã pode ir, que talvez me sobrevenha alguma luz”. — No domingo de manhã, compreendi interiormente que, quando a madre superiora me destinara para a portaria durante a refeição, estava pensando em me dar uma possibilidade de jejuar. De manhã, não estive no café, mas depois fui ter com a (8) madre superiora e disse que, se eu ficasse na portaria seria muito fácil não chamar a atenção sobre mim — a madre me respondeu: “Quando eu marquei a irmã[263] para esta obrigação, estava pensando nisso”. Agora compreendi que eu tinha sentido interiormente esse mesmo pensamento.

53124.11.1935. Domingo, primeiro dia. Logo fui diante do Santíssimo Sacramento e me ofereci com Jesus, que está no Santíssimo Sacramento, ao Pai Eterno. Então, ouvi na alma estas palavras: O teu fim e o de tuas companheiras é o de vos unirdes Comigo, da maneira mais estreita possível, pelo amor. Reconciliarás a terra com o céu, abrandando a justa ira de Deus e rogando misericórdia para o mundo. Estou te entregando duas pérolas preciosas ao Meu Coração, que são as almas dos sacerdotes e as almas religiosas. Rezarás especialmente por elas, a força delas estará no vosso despojamento. Unirás as orações, os jejuns, as mortificações, os trabalhos (9) e todos os sofrimentos com a Minha oração, jejum, mortificação, trabalho e sofrimento e assim terão poder diante de Meu Pai.

532Depois da santa Comunhão, vi Nosso Senhor que me disse estas palavras: Hoje, penetra no espírito da Minha pobreza e dispõe tudo de tal forma que os mais pobres em nada te possam invejar. Não são grandes prédios e magníficas instalações que Me dão satisfação, mas um coração puro e humilde.

533Quando fiquei a sós, comecei a refletir sobre o espírito de pobreza. Vejo claramente que Jesus nada possuía, embora seja o Senhor de tudo. Começando por uma manjedoura emprestada, foi pela vida afora fazendo o bem a todos, não tendo Ele próprio onde reclinar a cabeça. E é na cruz que vejo a máxima expressão da Sua pobreza, porque aí já nem tinha veste que O cobrisse. Ó Jesus, pelo solene voto da pobreza, desejo fazer-me semelhante a Vós; a pobreza será minha mãe. (10) Assim como exteriormente não posso possuir coisa alguma nem de nada dispor como propriedade minha, também interiormente nada devo desejar. E, no Santíssimo Sacramento, que grande pobreza a Vossa! Houve alguma vez uma alma tão abandonada como Vós, Jesus, sobre a cruz?

534A castidade — este voto, como se sabe, proíbe tudo o que é vedado pelo sexto e pelo nono mandamento de Deus, naturalmente — os atos, os pensamentos, as palavras, os sentimentos e... Compreendo que o voto solene distingue-se do voto simples, compreendo-o em toda a extensão. Quando refletia sobre isso, ouvi na alma estas palavras: És Minha esposa pelos séculos; a tua pureza deve ser mais do que angélica, porque com nenhum anjo tenho uma familiaridade tão estreita como contigo. A mínima ação de Minha esposa tem valor infinito. A alma pura tem um poder inconcebível diante de Deus.

535 (11) Obediência. Vim para cumprir a vontade de Meu Pai. Fui obediente aos pais, obedeci aos carrascos, sou obediente aos sacerdotes. Ó Jesus, compreendo o espírito da obediência e em quê ele consiste: abrange não apenas o comportamento exterior, mas também a inteligência, a vontade e o juízo. Obedecendo aos superiores, somos obedientes a Deus. Pouco importa se é um anjo ou um homem a ordenar-me como representante de Deus, sempre tenho que ser obediente. Não vou escrever muito sobre os votos, porque estes são claros e bem definidos. Passo antes a anotar alguns pensamentos de natureza geral sobre esta congregação.

536† Resumo geral

Nunca haverá casas suntuosas, mas uma modesta igrejinha, e junto dela uma pequena comunidade, um pequeno grupinho de almas, que constará de não mais de dez pessoas. Além dessas, haverá duas que terão de resolver fora da casa as diversas (12) necessidades da comunidade e cuidar da igreja. Estas não usarão hábito, mas vestes seculares, terão votos simples e estarão diretamente dependentes da superiora que permanecerá na clausura. Participarão de todos os bens espirituais de toda a congregação; contudo, nunca poderá haver mais de duas, de preferência uma. Cada uma das casas será independente das outras, embora pela regra, pelos votos e pelo espírito estejam unidas entre si, da maneira mais estreita. Em casos extraordinários, porém, será permitido transferir uma irmã de uma casa para outra; também será permitido, por ocasião da fundação de uma casa, transferir algumas religiosas em caso de necessidade. Cada casa ficará subordinada ao Ordinário do lugar.

537Cada religiosa residirá em cela separada; no entanto, será preservada a vida em comum, no que se refere às orações, refeições e recreios. Cada uma das religiosas, depois de professar, (13) nunca mais verá o mundo, mesmo pela grade, porque esta será velada por um pano escuro e, até mesmo quanto às conversas, haverá rigorosa limitação. Deve ser como uma pessoa morta, nem compreendida pelo mundo, nem compreendendo o mundo. Deve colocar-se entre o céu e a terra e suplicar incessantemente a Deus misericórdia para o mundo e poder para os sacerdotes, a fim de que as palavras deles não ressoem em vão, e para que eles mesmos possam manter-se nessa dignidade admirável e — expostos a tantos perigos — manter-se sem nenhuma mácula... E, embora, as irmãs não sejam muitas, hão de ser almas heroicas. Não haverá lugar para almas medrosas e desvigoradas.

538Não se dividirão entre si em nenhum tipo de coros, nem em nenhum tipo de madres[264] e mãezinhas, nem em reverendas, nem em reverendíssimas; serão todas iguais, ainda que se distingam muito pela origem. Sabemos quem era Jesus e, afinal, como se rebaixou e com quem conviveu. Vestirão o manto que Ele usou durante a Paixão, e não apenas a veste, (14) mas deverão imprimir em si mesmas os estigmas com que Ele estava marcado, que são: o sofrimento e o desprezo. Cada uma buscará a máxima renúncia de si própria e o amor à humildade, e apenas aquela que mais se distinguir nessa virtude será capaz de dirigir as outras.

539Deus nos fez participantes da Sua misericórdia — e, mais ainda, Suas dispensadoras — por isso o nosso amor por cada alma deve ser grande, a começar pelas eleitas e terminando pela alma que ainda não conhece a Deus. Pela oração e pela mortificação atingiremos os países mais selvagens, abrindo caminhos aos missionários. Devemos lembrar-nos de que o soldado, na frente de batalha, não pode aguentar muito tempo se não for sustentado por forças exteriores, que, embora não participem diretamente da luta, fornecem tudo de que ele [o missionário] necessita — e isso é complementado pela oração. Portanto cada uma deve distinguir-se pelo espírito do apostolado.

540 (15) À noite, quando eu estava escrevendo, ouvi na cela esta voz: “Não saia desta congregação, tenha compaixão de si mesma, veja que grandes sofrimentos a aguardam”. Quando olhei em direção da voz, nada vi e continuei a escrever. Então ouvi um ruído e estas palavras: “Quando sair, nós a destruiremos. Não nos atormente”. — Quando olhei, vi muitos monstros feios, mas, apenas fiz mentalmente o sinal da cruz, todos sumiram imediatamente. Como é terrivelmente feio o demônio; pobres as almas dos condenados, por terem que viver na companhia dele; só a visão dele é mais abominável do que todo o suplício do inferno.

541Pouco depois, ouvi na alma esta voz: Nada temas, nada te atingirá sem a Minha vontade. Depois dessas palavras do Senhor uma estranha força invadiu a minha alma; alegro-me imensamente com a bondade de Deus.

542 (16) Postulado. Idade para a admissão. Pode ser admitida toda pessoa dos quinze aos trinta anos. Em primeiro lugar, é preciso prestar atenção ao espírito de que está imbuída essa pessoa e ao seu caráter; se tem vontade firme e coragem de seguir Jesus com alegria e contentamento, porque Deus ama a quem se doa de bom grado. Deve ter em desprezo o mundo e a si mesma. A falta do dote nunca será impedimento para a admissão. Também todas as formalidades devem ser claras; não admitir pessoas com complicações.

Não podem ser aceitas pessoas melancólicas, sujeitas a tristezas, com doenças contagiosas, caráter complicado, desconfiadas, que não se adaptam à vida religiosa. É preciso tomar muito cuidado com a escolha dos membros, porque uma só pessoa que não se adapta é suficiente para provocar confusão no convento inteiro.

543Duração do postulado. O postulado durará um ano. (17) Durante esse tempo, a pessoa deve examinar-se, para saber se esse gênero de vida lhe agrada e convém ou não e, igualmente, a mestra deve examinar, diligentemente, se a pessoa se presta para esse modo de vida, ou não. Se, depois de um ano, verificar-se que a candidata tem boa vontade e desejo sincero de servir a Deus, ela deve ser admitida ao noviciado.

544O noviciado deve durar um ano, sem nenhuma interrupção. A noviça deve ser instruída nas virtudes relacionadas com os votos e na importância deles. A mestra deve esforçar-se, diligentemente, na formação dela e exercitá-la principalmente na prática da humildade, porque só um coração humilde observa com facilidade os votos e sente grandes alegrias, que provêm de Deus para a alma fiel.

Que as noviças não sejam sobrecarregadas com tarefas de responsabilidade, para que possam entregar-se livremente ao aperfeiçoamento de si mesmas. Elas estão estritamente obrigadas à observância das regras e das normas, como também as postulantes.

545 (18) Após um ano de noviciado, se a noviça se demonstrar fiel, pode ser admitida à profissão pelo período de um ano, devendo esta ser renovado por três anos; então, já lhe podem ser confiados cargos de responsabilidade. Contudo, fará ainda parte do noviciado e, uma vez por semana, deve participar das aulas junto com as noviças. Os últimos seis meses passará inteiramente no noviciado, a fim de bem se preparar para a profissão solene[265].

546Quanto à alimentação, não comeremos carne. A alimentação será tal que nem os pobres tenham nada a invejar-nos. Os dias santificados podem distinguir-se um pouco dos dias comuns. As irmãs farão três refeições por dia, observarão estritamente os jejuns no espírito primitivo, especialmente os dois maiores. Que a alimentação seja igual para todas as irmãs, sem (19) quaisquer exceções, para que a vida em comum seja preservada em toda a pureza, tanto na alimentação como no vestuário e no arranjo da cela. Mas, se alguma das irmãs ficar doente, devem ser dispensadas a ela todas as atenções.

547Quanto às orações: Uma hora de meditação, santa Missa e santa Comunhão, orações, dois exames de consciência, ofício[266], terço, leitura espiritual, uma hora de oração à noite. Quanto à ordem do dia e ao horário, será mais fácil fazê-lo quando se começar a viver dessa maneira.

548De súbito, ouvi na alma estas palavras: Minha filha, garanto-te recursos constantes de que viverás. A tua obrigação é confiar totalmente na Minha bondade, e a Minha é dar-te tudo de que necessitas. Eu mesmo faço-Me dependente da tua confiança; se ela for grande, a Minha generosidade não terá limites.

549 (20) Sobre o trabalho. Como pessoas pobres, elas mesmas executarão todos os trabalhos no convento. Cada uma deve alegrar-se quando lhe couber uma obrigação humilhante ou contrária à sua natureza, porque isso a ajudará na formação interior. A superiora mudará com frequência as obrigações das irmãs, e dessa maneira as ajudará a renunciar completamente a essas miudezas a que as mulheres têm uma grande tendência. Realmente, às vezes acho graça quando vejo com meus próprios olhos as almas que abandonaram as coisas realmente grandes, para depois logo se apegarem a ninharias e bagatelas. Cada uma das irmãs, sem exclusão da superiora, ficará durante um mês com o serviço da cozinha. Que todas experimentem cada um dos trabalhos do convento, que todas tenham sempre e em tudo uma intenção pura, porque a mistura das intenções muito desagrada a Deus.

550Que se acusem elas próprias das faltas exteriores (21) e peçam penitência à superiora, e que o façam em espírito de humildade. Que se amem mutuamente, com um afeto superior, com um amor puro, vendo em cada irmã a imagem de Deus. A característica especial dessa pequena congregação é o amor e, portanto, que não estreitem o seu coração, mas abarquem o mundo todo, dispensando a caridade a toda alma através da oração, de acordo com a sua vocação. Se vivermos nesse espírito de misericórdia, nós mesmas obteremos misericórdia.

551Cada um deve ter um grande amor pela Igreja. Assim como um bom filho, que ama a sua mãe, reza por ela, também cada alma cristã deve rezar pela Igreja, que para ela é Mãe. E o que dizer de nós, religiosas, que nos comprometemos a rezar pela Igreja de maneira especial? Grande é portanto o nosso apostolado, embora tão oculto. E todas essas pequenas coisas do nosso dia a dia serão depositadas aos pés de Nosso Senhor, como oblação de súplica pelo mundo; mas, para que (22) esse sacrifício seja agradável a Deus, deve ser puro. Para que o sacrifício seja puro, o coração deve libertar-se de todas as afeições naturais, dirigindo todos os seus sentimentos para o seu Criador, amando Nele todas as criaturas, de acordo com a Sua santa vontade e, procedendo assim cada uma no espírito do zelo, trará alegria à Igreja.

552Além dos votos, vejo uma regra como a mais importante; e, embora todas sejam importantes, coloco esta em primeiro lugar: é o silêncio. Realmente, se essa regra for estritamente observada, fico tranquila quanto às outras. É que existe nas mulheres uma grande tendência para falar. Ora, o Espírito Santo não fala à alma distraída e tagarela, mas fala por suas suaves inspirações à alma recolhida, à alma silenciosa. Se o silêncio fosse observado estritamente, não haveria murmurações, mágoas, maledicências, mexericos, não seria prejudicado o amor (23) ao próximo. Numa palavra, muitos erros seriam evitados. Os lábios selados são como ouro fino e testemunham a santidade interior.

553Mas, logo desejo falar da outra regra, isto é, da fala. Calar-se quando se deve falar é uma imperfeição e, algumas vezes, até pecado. Portanto, que todas participem do recreio, e a superiora não dispense as irmãs da recreação, a não ser que ocorra algo de muito importante. Os recreios sejam alegres, no espírito de Deus. Neles, temos a possibilidade de nos conhecer mutuamente. Então, que cada uma exponha seu ponto de vista com simplicidade para a edificação das outras, e não com a pretensão de se fazer notada ou, Deus nos livre, de provocar um conflito. Isso não estaria de acordo com a perfeição e com o espírito da nossa vocação, que deve distinguir-se pelo amor. Haverá recreio duas vezes ao dia, durante meia hora. A irmã que interromper o silêncio (24) tem a obrigação de acusar-se imediatamente à superiora e pedir a penitência. A superiora deve aplicar penitências públicas por essas faltas, porque, se for de outra maneira, será ela mesma a ter de responder perante o Senhor.

554Da clausura[267]. Ninguém entrará na clausura sem permissão especial do bispo da localidade e, em casos especiais, isto é, para administrar os sacramentos às doentes, para fortalecer ou dispor para a morte, em cerimônias fúnebres. Também, ainda, por necessidade imperiosa de se deixar entrar na clausura algum operário com o objetivo de fazer conserto; mas, nesses casos, deve haver primeiramente uma permissão expressa. A porta que dá acesso à clausura se manterá sempre fechada, ficando a chave na exclusiva posse da superiora.

555Do uso da sala de visitas. Nenhuma irmã irá à sala de visitas sem uma especial autorização da superiora, e a superiora não deve conceder facilmente permissão para frequentes idas (25) à sala de visitas. Aquelas que morreram para o mundo não devem voltar a ele, nem sequer pela conversa. Mas, se a superiora julgar oportuno que alguma irmã vá à sala de visitas, então que observe as seguintes normas: que ela mesma acompanhe essa irmã; caso não possa ela mesma, indique uma substituta, e esta fica obrigada à discrição, não repetindo, portanto, o que ouviu na sala de visitas, a não ser para informar a superiora. As conversas devem ser breves, a não ser que o respeito à pessoa as detenha por mais tempo; porém, nunca afastarão a cortina, exceto em casos extraordinários, como pode ocorrer no caso de pedido insistente do pai ou da mãe.

556Acerca das cartas. Cada uma das irmãs pode escrever cartas fechadas ao bispo da localidade, ao qual a casa esteja subordinada; afora isso, pedirão permissão para cada carta, que entregarão aberta à superiora, que, guiada pelo espírito de caridade (26) e da prudência, tem o direito de enviá-la ou de retê-la, de acordo com o que for para a maior glória de Deus. Contudo, eu desejaria muito que essas cartas fossem as mais raras possíveis. Levemos ajuda às almas pela oração e mortificação e não pela correspondência.

557Da confissão. O bispo indicará os confessores para a comunidade, tanto os regulares como os extraordinários. O confessor regular será um só e ouvirá em confissão toda a comunidade, uma vez por semana. O confessor extraordinário virá uma vez por trimestre; cada irmã é obrigada a apresentar-se diante dele, ainda que não faça propriamente uma confissão. Tanto o confessor regular como o extraordinário não desempenharão a sua função por mais de três anos; no final de três anos se realizará uma votação secreta e, de acordo com ela, a superiora apresentará o pedido das irmãs ao bispo. O confessor pode ser confirmado para um segundo ou até um terceiro triênio. (27) As religiosas se confessarão diante da grade fechada. As conferências que serão pronunciadas para a comunidade igualmente serão feitas através da grade velada com a cortina escura. Que as irmãs nunca falem entre si a respeito da confissão ou dos confessores, mas, antes, que rezem por eles, para que Deus lhes dê luzes para guiar suas almas.

558Da santa Comunhão. Que as irmãs não falem sobre quem recebe a Comunhão mais raramente ou com mais frequência, que se abstenham de fazer juízo sobre esse assunto, que não lhes diz respeito. Todo o juízo a esse respeito pertence exclusivamente ao confessor. A superiora pode perguntar a determinada irmã, não com o objetivo de descobrir o motivo por que não recebe a santa Comunhão, mas, antes, para lhe facilitar a confissão. Que as superioras não ousem entrar no campo das consciências das irmãs. A superiora pode, às vezes, decidir que a comunidade ofereça (28) a santa Comunhão por certa intenção. Cada uma deve procurar ter sempre a maior pureza de alma possível, para que possa receber diariamente o Hóspede Divino.

559Em determinado momento, quando entrei na capela, vi os muros de um edifício em ruínas[268], as janelas sem vidraças, as portas sem batentes e, em seu lugar, apenas os caixilhos, e então ouvi na alma as palavras: É aqui que deve ficar esse convento. — Não gostei muito de que nessas ruínas devia ser o nosso convento.

560Quinta-feira. Sentia-me muito impelida a iniciar a obra quanto antes, de acordo com os desejos do Senhor. Quando fui me confessar, sobrepus um ponto de vista meu ao ponto de vista do confessor. De início, não tive consciência disso, mas, quando estava rezando a Hora Santa vi Jesus (29) como está representado na Imagem. Disse-me que eu falasse ao confessor e às superioras de tudo o que me diz e que exige de mim. — E faz apenas aquilo para o que obtiveres permissão. Jesus deu-me a conhecer o quanto Lhe desagrada a alma arbitrária; reconheci nessa alma a mim mesma. Percebi em mim essa sombra de orgulho, lancei-me por terra ao pó[269] diante de Sua majestade e, com o coração dilacerado, pedi-Lhe perdão; mas Jesus não permitiu que eu permanecesse muito tempo nesse estado. O Seu olhar divino encheu minha alma de uma alegria tão grande que não tenho palavras para expressá-la. Jesus me fez entender que eu podia Lhe perguntar mais e pedir o Seu conselho. Realmente, como é doce o olhar do meu Senhor, ele atravessa a minha alma até as profundezas mais ocultas; o meu espírito entende-se com Deus sem pronunciar uma palavra, e sinto que Ele vive em mim, e eu Nele.

561 (30) De repente, vi a Imagem[270] em uma pequena capela e logo vi como essa pequena capela se transformava num grande e belo santuário. Nesse santuário vi a Mãe Santíssima com o Menino nos braços. Num certo momento, desapareceu o Menino Jesus dos braços da Mãe Santíssima e vi a imagem viva de Jesus crucificado. A Mãe de Deus recomendava-me que eu seguisse sempre o exemplo dela: mesmo quando me sentisse contente, tivesse sempre os olhos fixos na Cruz, e acrescentou que as graças que Deus me concede não são só para mim, mas também para as outras almas.

562Quando, durante a santa Missa, vejo o Menino Jesus, não é sempre da mesma maneira; algumas vezes, está muito alegre, outras, nem olha para a capela. Agora, na maior parte das vezes, está alegre, quando o nosso confessor[271] celebra a santa Missa. Fiquei muitíssimo admirada ao ver que o pequeno Menino Jesus o ama tanto. Algumas vezes ainda, vejo-O com uma pequena túnica colorida.

563 (31) Antes de vir para Vilnius, e de conhecer este confessor, em determinado momento tive a visão de uma pequena igreja onde, perto dela, vivia esta congregação[272]. O convento tinha doze celas, e cada religiosa devia morar separadamente. Vi o sacerdote[273] que me ajudava na organização desse convento, e a quem encontrei alguns anos mais tarde, mas na visão já o conhecia. Vi como organizava tudo nesse convento com grande dedicação, e ajudava-o um outro sacerdote[274], mas até agora ainda não o conheci. Vi grades de ferro, veladas por uma cortina escura, e que as irmãs não saíam para a igreja.

564Dia da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Durante a santa Missa, ouvi o farfalhar de vestes e vi a Mãe Santíssima numa luminosidade extremamente bela. Suas vestes eram brancas e cingidas com uma faixa azul. — Disse-me: Causas-me grande alegria quando glorificas a Santíssima Trindade pelas graças e privilégios que me foram concedidos — e logo desapareceu.

565Das penitências e da mortificação

Em primeiro lugar estão as mortificações interiores, mas além disso praticaremos as mortificações exteriores, rigorosamente definidas de modo que todas as possam praticar. São elas: três dias por semana observaremos jejum rigoroso, e esses dias são: quarta-feira, sexta-feira e sábado. Todas as sextas-feiras, durante a recitação do salmo cinquenta, se submeterão à disciplina[275]; todas ao mesmo tempo, nas próprias celas, às três horas — na intenção dos pecadores agonizantes. Nos dias dos dois grandes jejuns[276], como nos dias de penitência trimestral[277] e nas vigílias[278], a refeição será a seguinte: uma vez ao dia, um pedaço de pão e um pouco de água.

Cada uma procure cumprir aquelas mortificações que são prescritas (33) para todas, mas, se alguma irmã desejar alguma coisa além disso, peça a permissão da superiora. Outra mortificação comum: nenhuma irmã pode entrar na cela da outra sem especial autorização da superiora, mas a superiora deve, algumas vezes, entrar nas celas das irmãs, mesmo sem ser vista, não como uma forma de espionagem, mas no espírito de amor e de responsabilidade que tem diante de Deus. Nenhuma fechará nada à chave; a regra será a chave comum para todas.

566Um dia, após a santa Comunhão, vi de repente o Menino Jesus, em pé ao lado do meu genuflexório, apoiando-se nele com ambas as mãozinhas. Embora fosse um Menino, o temor e o medo invadiram a minha alma, pois vejo Nele meu Juiz, Senhor e Criador, diante de Sua santidade tremem os anjos. Por outro lado, a minha alma foi inundada por um amor (34) inconcebível; pareceu-me que estava morrendo sob a sua influência. Vejo agora que primeiro Jesus fortalece a minha alma e depois a torna capaz de conviver com Ele, porque de outra forma não suportaria o que experimento em determinados momentos.

567Relacionamento das irmãs com a superiora

Que todas as irmãs respeitem a superiora como ao próprio Senhor Jesus, como já mencionei no voto da obediência; tenham para com ela uma confiança filial; nunca murmurem, nem critiquem suas ordens, porque isso desagrada muito a Deus. Cada uma procure guiar-se pelo espírito de fé em relação às superioras, e peça com simplicidade tudo de que necessita. Que Deus nos livre e que jamais aconteça que alguma das irmãs seja causa de tristeza ou de lágrimas para sua superiora. Saiba cada uma que, como o quarto mandamento ordena ao filho o respeito para com os pais, o mesmo obriga uma religiosa em relação à superiora. Não é uma boa religiosa (35) aquela que se permite e ousa julgar a superiora. Sejam sinceras com a superiora e falem a ela de tudo e das suas necessidades com simplicidade de criança.

As irmãs se dirigirão à superiora da seguinte maneira: “Com a sua licença, irmã superiora”. Nunca lhe devem beijar a mão, mas toda vez que a encontrarem no corredor ou, ainda, quando forem à cela da superiora, dirão: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, inclinando levemente a cabeça.

As irmãs entre si dirão: “a irmã (N.) poderia...” — acrescentando o nome. Deixem-se guiar em relação à superiora pelo espírito de fé, e não por sentimentalismos ou adulação, porque isso é indigno de uma religiosa e muito a rebaixaria. Uma religiosa deve ser livre como uma rainha, e o será apenas se viver em espírito de fé. Não devemos obedecer à superiora e respeitá-la porque é boa, santa ou prudente, não, não por isso, mas apenas porque ocupa o lugar de Deus e, obedecendo a ela, é ao próprio Deus que se obedece.

568Relacionamento da superiora com as irmãs

A superiora deve distinguir-se pela humildade e amor para com cada irmã, sem nenhuma exceção; não se deixar guiar pela simpatia ou antipatia, mas pelo espírito de Cristo. Saber que Deus exigirá que ela preste contas de cada irmã. Não fazer sermões moralizantes às irmãs, mas antes dar o exemplo de uma profunda humildade e abnegação, e assim dará a lição mais eficaz às que lhe estão subordinadas. Ser decidida, mas nunca rude. Ter paciência se a importunarem com as mesmas questões; ainda que tenha que repetir cem vezes a mesma coisa, fazê-lo sempre com a mesma ponderação. Procurar sentir as necessidades das irmãs e não esperar que lhe peçam isso ou aquilo, porque as pessoas têm temperamentos diferentes.

Se [a superiora] perceber que alguma irmã está triste ou sofrendo, [deve] procurar de todos os modos ajudá-la e levar-lhe consolo. Rezar muito e pedir luzes para saber como deve (37) proceder com cada uma, porque cada alma é um mundo diferente. Deus tem diversas maneiras de conviver com as almas, que são para nós, algumas vezes, obscuras e incompreensíveis. Por isso a superiora deve ser prudente, para não prejudicar a ação de Deus em alguma alma. Nunca advertir as irmãs quando estiver irritada, mas as advertências devem vir sempre acompanhadas do encorajamento. É preciso dar a entender à alma que reconheça seu erro, mas sem esmagá-la.

A superiora deve distinguir-se por um amor em ação para com as irmãs, tomando sobre si todo o peso para as aliviar. Não lhes exigir nenhum tipo de serviço para si, mas respeitá-las como esposas de Jesus e estar pronta para servir-lhes de dia ou de noite, e antes pedir que ordenar. Ter o coração aberto para os sofrimentos das irmãs, e ela mesma aprender e fixar o seu olhar no livro aberto que é Jesus Crucificado. Rezar sempre com fervor pedindo luzes, especialmente quando tem algo de mais importante para resolver no que respeite a qualquer (38) irmã. Tomar cuidado, para não interferir no campo de suas consciências, porque para isso apenas o sacerdote tem a graça. Acontece que alguma alma sente a necessidade de abrir-se diante da superiora, então a superiora pode aceitar uma tal confidência, mantendo segredo, porque nada desgosta tanto uma alma quanto o fato de que se divulgue alguma coisa que ela disse de forma confidencial, isto é, em segredo. As mulheres, em relação a isso, têm cabeça fraca; é raro encontrar uma mulher com mente viril. [Que a superiora] procure uma profunda união com Deus, e Deus governará por ela. A Mãe Santíssima será a superiora[279] desse convento, e nós seremos as Suas filhas fiéis.

56915.12.1935. Hoje, desde manhã cedo, uma força estranha me obriga à ação, não me deixando em paz um momento sequer. Um estranho ardor para a ação acendeu-se no meu coração, e não consigo dominá-lo. É um martírio silencioso, que apenas Deus conhece, mas que Ele faça (39) de mim o que Lhe aprouver, que o meu coração está pronto para tudo. Ó Jesus, meu Mestre caríssimo, não Vos afasteis de mim sequer por um momento! Jesus, Vós bem sabeis como sou fraca por mim mesma, e por isso sei que a minha fraqueza Vos obriga a permanecer continuamente comigo.

570Uma vez, na estufa[280], apareceu-me Jesus vestido de branco. — Escreve o que vou dizer: o Meu prazer é unir-Me contigo; espero e aguardo com grande ansiedade o momento em que possa habitar, sacramentalmente, no teu convento. O Meu espírito descansará nesse convento, e abençoarei especialmente a região onde ele se encontrará. Por amor a vós, afastarei todos os castigos que a justiça de Meu Pai aplica com direito. Minha filha, inclinei o Meu Coração aos teus pedidos. A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na terra a misericórdia para (40) o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação enquanto não se dirigir com confiança à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a Festa da Misericórdia. Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável misericórdia. Faço-te dispensadora da Minha misericórdia. Diz ao teu confessor que aquela Imagem deve ser exposta na igreja, e não dentro da clausura[281] desse convento. Por meio dessa Imagem concederei muitas graças às almas; que toda alma tenha, por isso, acesso a ela.

571Ó meu Jesus, Verdade eterna, nada temo, nenhuma dificuldade, nenhum sofrimento; receio somente uma coisa, isto é, Vos ofender. Meu Jesus, eu preferiria não existir a Vos entristecer. Jesus, Vós sabeis que meu amor não conhece ninguém, somente a Vós, em Vós mergulhou a minha alma.

572 (41) Oh, como deve ser grande o zelo de toda a alma que viver nesse convento, se Deus deseja habitar conosco. Que cada uma lembre-se de que, se nós, almas religiosas, não conseguirmos o perdão de Deus, quem o conseguirá? Cada uma deve arder como um sacrifício puro de amor diante da majestade de Deus, mas, para ser agradável a Deus, deve unir-se estreitamente com Jesus; só com Ele, Nele e por Ele podemos ser agradáveis a Deus.

57321.12.1935. Uma vez, o confessor[282] disse que eu fosse ver uma determinada casa[283], para verificar se era a mesma que tinha visto na visão. Quando fui juntamente com meu confessor ver essa casa, ou antes, aquelas ruínas, com um só olhar reconheci tudo, como tinha visto na visão. Quando toquei nas tábuas que substituíam uma das portas, nesse mesmo instante, como um relâmpago, uma força apoderou-se da minha alma, dando-me (42) uma certeza inquebrantável. Depressa afastei-me dali, com o coração cheio de alegria, embora também tivesse a impressão de que alguma força me mantinha presa a esse lugar. Fiquei muito contente por ver a total concordância com a visão que tivera. Quando o confessor falava da disposição das celas e de outras coisas, reconheci tudo tal como Jesus tinha falado. Alegro-me imensamente por Deus estar agindo através dele, mas não me admiro absolutamente por Deus lhe estar dando tanta luz, pois, afinal, no coração puro e humilde reside Deus, que é a própria Luz, e todos os sofrimentos e adversidades existem para que se manifeste a santidade da alma. Quando voltei para casa, entrei logo na nossa capela, para descansar por um momento; então ouvi na alma estas palavras: Nada temas, Eu estou contigo. Estes assuntos estão em Minhas mãos e Eu os resolverei de acordo com a Minha misericórdia, e nada pode se opor à Minha vontade.

574 (43) Ano de 1935. Vigília de Natal.

Desde manhã cedo, o meu espírito estava mergulhado em Deus. Sua presença envolveu-me completamente. À noite[284], antes da ceia, entrei por um momento na capela, para aos pés de Jesus repartir o pão ázimo[285] com aqueles que estavam distantes, e a quem Jesus muito ama, e a quem eu tanto devo. Quando repartia em espírito o pão ázimo com certa pessoa[286], ouvi interiormente estas palavras: O coração dele é para Mim o céu na terra. — Ao sair da capela, imediatamente envolveu-me a onipotência de Deus. Então, compreendi quanto Deus nos ama; oh, se as almas pudessem, ao menos em parte, perceber e compreender isso.

575Dia de Natal

Missa da meia-noite. Durante a santa Missa novamente vi o Menino Jesus, imensamente belo, que com alegria estendia as mãozinhas para mim. (44). Após a santa Comunhão, ouvi estas palavras: Eu sempre permaneço no teu coração, não somente no momento em que Me recebes na santa Comunhão, mas sempre. — Passei esse Natal em grande alegria.

576Ó Santíssima Trindade, Deus eterno, o meu espírito submerge na Vossa beleza; diante de Vós os séculos nada são, pois sois sempre o mesmo. Oh, como é grande a Vossa majestade, Jesus; qual a razão por que ocultais a Vossa majestade, por que abandonastes o trono do céu e habitais entre nós? Respondeu-me o Senhor: Minha filha, foi o amor que Me trouxe e o amor Me retém. Minha filha, se soubesses que grande mérito e recompensa tem um só ato de amor puro para Comigo, morrerias de alegria. Digo-te isso para que te unas continuamente Comigo pelo amor, porque é esse o objetivo da vida da tua alma; esse ato consiste em um ato de vontade. Fica sabendo que a alma pura é humilde. (45) Quando te rebaixas e te aniquilas diante da Minha majestade, é então que te persigo com as Minhas graças, e utilizo a onipotência para te engrandecer.

577Uma vez o confessor mandou que, por penitência, eu rezasse o “Glória ao Pai”. Isso me tomava muito tempo e, por várias vezes, eu começava e não era capaz de terminar, porque o meu espírito se unia com Deus, e eu não conseguia me manter atenta. Com frequência, e sem querer, sou envolvida pela onipotência de Deus e fico toda submersa em Deus pelo amor, e então não sei o que acontece em minha volta. Quando contei ao confessor que essa breve oração, às vezes, me toma muito tempo e não a consigo terminar, o confessor mandou que a recitasse já no confessionário. O meu espírito, porém, estava imerso em Deus e, apesar dos meus esforços, não conseguia pensar naquilo que queria. O confessor disse então: “Reze comigo”. (46) Repetia cada palavra, mas, ao pronunciá-las, o meu espírito mergulhava na Pessoa que eu nomeava.

578Uma vez, falando de um certo sacerdote[287], Jesus me disse que estes anos serão o coroamento dos seus anos de sacerdócio. Os dias de sofrimento sempre parecem mais longos, mas também eles passarão, ainda que andem tão devagar que, algumas vezes, temos a impressão de que estão mesmo andando para trás e, no entanto, o seu fim está próximo, e depois chegará a eterna e inconcebível felicidade. Eternidade — quem entenderá e compreenderá pelo menos essa única palavra que provém de Vós, ó Deus inconcebível, isto é, a eternidade?

579Sei que as graças que Deus me concede destinam-se, às vezes, exclusivamente para outras almas. A consciência disso enche-me de grande alegria. Sempre me alegro com o bem das outras almas como se fosse o meu próprio bem.

580 (47) Em certa ocasião, o Senhor me disse: Ferem-Me mais as pequenas imperfeições das almas escolhidas do que os pecados das almas que vivem no mundo. — Fiquei muito triste ao saber que as almas escolhidas causavam sofrimentos a Jesus, e Jesus me disse: — Não são apenas essas pequenas imperfeições; desvendarei a ti o segredo do Meu Coração e mostrarei os sofrimentos que Me causam as almas escolhidas. A alma escolhida alimenta continuamente o Meu Coração com a ingratidão por tantas graças. O amor delas é morno, e o Meu Coração não pode suportar que as almas Me obriguem a rejeitá-las. Outras não confiam na Minha bondade e nunca querem experimentar a doce familiaridade nos seus próprios corações, mas procuram-Me em algum lugar distante e não Me encontram. O que mais Me fere é essa falta de confiança na Minha bondade. Se a Minha morte não vos convenceu do Meu amor, o que vos convencerá? Muitas vezes, uma alma Me fere mortalmente, e aí ninguém Me consola. (48) Utilizam as Minhas graças para Me ofender. Existem almas que desprezam as Minhas graças e todas as provas do Meu amor. Não querem ouvir a Minha voz, mas caminham para o abismo do inferno. Essa perda das almas causa-Me tristeza mortal. Neste caso, em nada posso ajudar a alma, embora Eu seja Deus, porque ela Me despreza; tendo o livre-arbítrio, tanto Me pode rejeitar como amar. Tu, dispensadora da Minha misericórdia, fala a todo o mundo da Minha bondade, e com isso consolarás o Meu Coração.

581Eu te falo mais quando conversas Comigo no fundo do teu coração, aí ninguém pode perturbar a Minha ação, aí descanso como em um jardim fechado.

582O interior da minha alma é como que um grande e magnífico mundo em que residimos Deus e eu. Além de Deus, ninguém tem ali acesso. No começo dessa vida com Deus, (49) dominava-me o temor e a cegueira. Sua claridade cegava-me e eu pensava que Ele não estava em meu coração. No entanto, eram momentos em que Deus trabalhava na minha alma, e o amor tornava-se mais puro e mais forte. Assim o Senhor levou a minha vontade à mais estreita união com a Sua santa vontade. Ninguém compreenderá o que sinto nesse magnífico palácio da minha alma, onde permaneço continuamente com o meu Amado. Nenhuma coisa externa me perturba na convivência com Deus. Ainda que eu utilize as expressões mais fortes, assim é de fato, não exprimirei nem mesmo a sombra daquilo que prova a minha alma inebriada de felicidade e de amor inconcebível — tão grande e puro como a fonte de onde brota, que é o próprio Deus. A alma está tão impregnada de Deus que O sinto fisicamente, e meu próprio corpo participa dessas alegrias; embora aconteça que as inspirações divinas não sejam as mesmas em cada alma, contudo procedem da mesma fonte.

583 (50) Uma vez vi Jesus sedento e desfalecendo; Ele me disse: Tenho sede. — Quando dei água ao Senhor, aceitou-a mas não bebeu e logo desapareceu; estava vestido como na Paixão.

584Quando refletes sobre o que te digo no profundo do teu coração, tiras maior proveito do que se tivesses lido muitos livros. Oh, se as almas quisessem ouvir a Minha voz, quando falo no profundo dos seus corações, em pouco tempo atingiriam os cumes da santidade.

58508.01.1936. Fui falar com o arcebispo[288] e disse-lhe que Nosso Senhor está exigindo de mim que eu reze, pedindo a misericórdia de Deus para o mundo, e que haja uma congregação com essa finalidade. Quando lhe pedi que me concedesse autorização para tudo o que Nosso Senhor está exigindo de mim, o arcebispo (51) respondeu-me com estas palavras: “Quanto à oração, permito à irmã e até a encorajo a rezar o máximo possível pelo mundo e pedir para ele a misericórdia de Deus, porque todos necessitamos de misericórdia, e decerto também o confessor não está proibindo que a irmã reze nessa intenção. Mas, no que diz respeito à congregação, irmã, aguarde um pouco, até que as coisas se encaminhem mais favoravelmente. O que me pede é bom em si mesmo, mas não é preciso ter pressa: se isso for da vontade de Deus, um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde será realizado. Por que haveria de não ser, pois, se existem tantas e tão variadas congregações, também esta existirá, se Deus assim o exige. Peço-lhe que fique inteiramente tranquila. O Senhor tudo pode. Procure a estreita união com Deus e não desanime”. — Essas palavras encheram-me de grande alegria.

586Quando saí da casa do arcebispo, ouvi na alma estas palavras: Para fortalecer o teu espírito, (52) estou falando através dos Meus representantes, de acordo com o que estou exigindo de ti, mas deves saber que nem sempre será assim. Eles haverão de se opor a ti em muitas coisas, e com isso se manifestará em ti a Minha graça, e se saberá que essa causa é Minha. Mas nada temas, pois estou sempre contigo. Deves saber ainda, Minha filha, que todas as criaturas, consciente ou inconscientemente, querendo ou não, sempre cumprem a Minha vontade.

587Uma vez, vi subitamente Jesus em grande majestade; disse-me estas palavras: Minha filha, se quiseres, criarei neste mesmo instante um novo mundo mais belo que este, e passarás nele o resto de teus dias. — Respondi: “Não quero nenhum mundo, eu desejo a Vós, Jesus, desejo amar-Vos com o amor com que Vós me amais. Suplico-Vos apenas uma coisa, tornai o meu coração capaz de Vos amar. (53) Admiro-me muito, meu Jesus, por me fazerdes essa pergunta. De fato, de que me serviriam esses mundos, por mil que fossem? De que me serviriam, pois Vós bem sabeis que o meu coração agoniza de saudade por Vós? E, a não ser Vós, tudo o mais é nada para mim”. — Nesse momento já não vi mais nada, mas uma força envolveu minha alma e um estranho fogo acendeu-se no meu coração; entrei como que numa espécie de agonia por Ele, e então ouvi estas palavras: Com nenhuma alma uno-Me tão intimamente e de tal modo como Me uno contigo, e é assim pela profunda humildade e pelo ardente amor que tens para Comigo.

588Em determinado momento, ouvi interiormente estas palavras: Não Me passa despercebido nenhum movimento do teu coração. Fica sabendo, Minha filha, que um só olhar teu destinado para outro Me feriria (54) mais do que muitos pecados cometidos por uma outra alma.

589O amor expulsa da alma o medo. Desde que amei o Senhor com todo o meu ser, com toda a força do meu coração, desapareceu o medo e, ainda que me falem de tudo sobre a Sua justiça, não tenho nenhum medo Dele, porque vim a conhecê-Lo bem. Deus é amor — e paz o Seu Espírito. Reconheço agora que os meus atos que decorreram do amor são mais perfeitos do que os atos que pratiquei por medo. Confio em Deus e de nada tenho medo. Entreguei-me à Sua santa vontade; que faça comigo o que quiser, e eu O amarei da mesma maneira.

590Quando recebo a santa Comunhão, peço e suplico ao Salvador que cure a minha língua, para que eu nunca ofenda o amor ao próximo.

591 (55) Jesus, Vós sabeis como desejo ardentemente ocultar-me para que ninguém me conheça, apenas o Vosso dulcíssimo Coração. Desejo ser uma pequenina violeta oculta por entre a erva, ignorada em meio ao magnífico jardim fechado, onde crescem belas rosas e lírios. A bela rosa e o maravilhoso lírio podem ser vistos de longe, mas para ver a pequena violeta é preciso inclinar-se bastante — apenas o perfume a denuncia. Oh, como me alegro por poder ocultar-me assim. Ó meu Divino Esposo, é Vossa a flor do meu coração e o perfume do meu puro amor. A minha alma mergulhou em Vós, Deus eterno; desde o momento em que Vós mesmo me atraístes a Vós, ó meu Jesus, quanto mais Vos conheço tanto mais ardentemente Vos desejo.

592Foi no Coração de Jesus que aprendi que, para as almas escolhidas, no próprio céu existe um outro céu, aonde nem todos têm acesso, mas apenas as almas escolhidas. Felicidade inconcebível em que a alma estará submersa. Oh, meu Deus, não sou capaz de descrevê-lo, ainda que na mínima parte. (56) As almas submersas na Sua Divindade passam de claridade em claridade, em uma luz imutável, mas nunca monótona, sempre nova, mas que não muda nunca. Ó Santíssima Trindade, dai-Vos a conhecer às almas.

593Oh, meu Jesus, nada melhor para a alma do que a humilhação. No desprezo está o segredo da felicidade. Quando a alma conhece que, por si mesma, é nada e miséria e que tudo o que tem de bom em si é apenas dom de Deus; quando a alma percebe que tudo lhe foi dado gratuitamente, e que dela é só a miséria, isso a mantém em contínua humildade diante da majestade de Deus, e Deus, vendo a alma em tal disposição, persegue-a com Suas graças. Quando a alma aprofunda-se no abismo da sua miséria, Deus utiliza a Sua onipotência para enaltecê-la. Se existe na terra uma alma verdadeiramente feliz, é apenas (57) a alma verdadeiramente humilde. De início, sofre muito com isso o amor-próprio, mas Deus, após o corajoso combate, concede à alma muitas luzes, pelas quais ela conhece como tudo é desprezível e cheio de ilusão. Apenas Deus está no coração dela. A alma humilde não confia em si mesma, mas põe toda a sua confiança em Deus. Deus defende a alma humilde e Ele mesmo se preocupa com os problemas dela, e então a alma permanece na maior felicidade, que ninguém poderá compreender.

594Certa noite, veio visitar-me uma das irmãs falecidas[289], que já antes tinha vindo visitar-me várias vezes. Quando eu a tinha visto na primeira vez, encontrava-se num estado de grande sofrimento e depois, gradualmente, eram menores os sofrimentos. Nessa noite, eu a vi radiante de felicidade; disse-me que já estava no céu, e que Deus (58) mandou aquela aflição sobre essa casa porque a madre geral[290] tinha se deixado dominar por dúvidas, não acreditando no que eu tinha dito sobre essa alma. Mas agora, como sinal de que estava finalmente no céu, Deus abençoará essa casa. Em seguida, aproximou-se de mim, abraçou-me cordialmente e disse: “Já tenho que ir”. — Compreendi como há uma estreita ligação entre essas três etapas da vida das almas, isto é: terra, purgatório e céu.

595Notei, por diversas vezes, que Deus sujeita à prova algumas pessoas no que se refere ao que Ele me diz, porque não Lhe agrada a desconfiança. Quando, certa vez, percebi que Deus expôs à prova um certo arcebispo porque tinha má vontade e não acreditava nessa causa[291]..., fiquei com pena, pedi a Deus por Ele, e o Senhor lhe deu alívio. Desagrada muito a Deus suspeitarem Dele e, por isso, algumas almas perdem muitas graças. A desconfiança (59) da alma fere o Seu dulcíssimo Coração, que é cheio de bondade e amor inexprimíveis para conosco. Há uma grande diferença quando o sacerdote, por obrigação, deve algumas vezes não confiar, mas apenas para poder convencer-se mais profundamente da autenticidade dos dons ou das graças em determinada alma, ou quando o faz para poder melhor guiar a alma e levá-la a uma mais profunda união com Deus; tem por isso uma grande e inconcebível recompensa. Mas, se menospreza e põe em dúvida as graças divinas numa alma somente porque ultrapassam a possibilidade da compreensão da inteligência — isso desagrada ao Senhor. Tenho muita pena das almas que encontram sacerdotes inexperientes.

596Em determinada ocasião, pediu-me um sacerdote[292] que eu rezasse na sua intenção. Prometi rezar e pedi licença para fazer uma mortificação. Quando recebi autorização para fazer uma certa (60) mortificação, senti na alma a tendência de, nesse dia, dispensar a favor desse sacerdote todas as graças que a bondade de Deus me destinou, e pedi a Nosso Senhor que Deus se dignasse enviar a mim todos os sofrimentos e aflições exteriores e interiores que esse sacerdote devia sofrer naquele dia. Deus aceitou, em parte, esse meu desejo e logo, não se sabe de onde, começaram a surgir diversas dificuldades e contrariedades, a tal ponto que uma das irmãs disse em voz alta: “Nosso Senhor deve ter alguma coisa em mente, já que todos estão atormentando a irmã Faustina”. — E as acusações que se faziam eram tão sem fundamento que algumas irmãs afirmavam e outras negavam. Quanto a mim, em silêncio, oferecia-me em sacrifício por esse sacerdote.

Mas isso não foi tudo, porque senti também sofrimentos interiores. Primeiramente, envolveu-me um desânimo e má vontade para com as irmãs, em seguida começou a atormentar-me uma (61) espécie de instabilidade; não era capaz de concentrar-me para rezar, a minha cabeça estava cheia de diversos problemas. Quando, exausta, entrei na capela, uma dor estranha oprimiu a minha alma e comecei a chorar baixinho; então ouvi no íntimo esta voz: Minha filha, por que choras, se tu mesma te ofereceste para esse sofrimento? Deves saber que o que tu assumiste por essa alma é apenas uma pequena parcela. Ele está sofrendo ainda mais. — E perguntei ao Senhor: “Por que procedeis assim com ele?” Respondeu-me o Senhor que era pela tríplice coroa que lhe tinha sido destinada: virgindade, sacerdócio e martírio. Nesse momento, a alegria reinou na minha alma diante da visão de tão grande glória que receberá no céu. Nesse momento rezei o “Te Deum”[293] por essa especial graça de Deus, de ter me feito saber que Deus procede assim com aqueles que quer ter perto de Si. E, assim, todos os sofrimentos nada são, em comparação com o que nos espera no céu.

597(62) Um dia, após a nossa santa Missa, de repente vi o meu confessor[294], que estava celebrando a santa Missa na igreja de São Miguel, diante da imagem da Mãe de Deus. Era a parte do ofertório da santa Missa, e vi o pequeno Menino Jesus, que se refugiava junto dele, como se estivesse fugindo de alguma coisa e ali procurasse refúgio. Mas, quando veio o momento da santa Comunhão, desapareceu como de costume. Então, vi a Mãe Santíssima, que o cobriu com seu manto e disse: Coragem, meu Filho, coragem! — e ainda disse mais alguma coisa que não consegui ouvir bem.

598Oh, como desejo ardentemente que toda alma glorifique a Vossa misericórdia! Feliz a alma que clama pela misericórdia do Senhor, pois experimentará o que disse o Senhor, que a defenderá como Sua glória, e quem ousará lutar contra Deus? Que todas as almas glorifiquem a misericórdia do Senhor (63) pela confiança na Sua misericórdia, por toda a vida e especialmente na hora da morte. Nada temas, querida alma, quem quer que sejas. Quanto maior o pecador, tanto mais direito tem à Vossa misericórdia, ó Senhor. Ó Bondade inconcebível, Deus desce primeiro até o pecador. Ó Jesus, desejo glorificar a Vossa misericórdia por milhares de almas. Bem sei, meu Jesus, que é meu dever falar às almas sobre a Vossa bondade, sobre a Vossa inconcebível misericórdia.

599Em certa ocasião, quando determinada pessoa me pediu orações e quando me encontrei com o Senhor, disse-Lhe estas palavras: “Jesus, eu amo especialmente aquelas almas que Vós amais”, e Jesus me respondeu com estas palavras: E Eu concedo graças especiais àquelas almas pelas quais intercedes diante de Mim.

600É surpreendente a maneira como Jesus me defende. Na realidade, trata-se de uma grande graça de Deus, que me é concedida há bastante tempo.


>> Caderno II de 601 a 700

Referência

Livro Santa Irmã Maria Faustina Kowalska - Diário - A Misericórdia Divina na minha alma.